Jornalista que acusou Perillo é condenado a pagar R$ 200 mil de indenização
Autor da acusação de que o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), teria utilizado dinheiro do esquema do contraventor Carlinhos Cachoeira para pagar dívidas de campanha, o jornalista Luiz Carlos Bordoni foi condenado a pagar R$ 200 mil de indenização por danos morais ao tucano. Ainda cabe recurso.
No entendimento do juiz Ricardo Teixeira Lemos, da 7ª Vara Cível de Goiânia, Bordoni não consegui provar as denúncias que fez ao jornal "O Estado de S. Paulo" e ao jornal "SBT Brasil" sobre a existência de caixa dois na contratação de seus serviços para a propaganda na campanha eleitoral de 2010.
“Publicou notícia inconclusiva, sem prova de suas alegações, utilizou do direito de imprensa para divulgar declaração não realizada pelo autor, autoridade política de inegável expressão regional e nacional”, escreveu o magistrado na sentença.
Para evitar uma multa diária de R$ 500, o jornalista ainda terá de retirar todas as declarações feitas contra Perillo que são parte do acervo de seu blog pessoal.
Conhecido jornalista e radialista goiano, Bordoni trabalhou em campanhas de Perillo, que ele diz conhecer desde a década de 1980 e com quem mantinha relação de amizade.
O nome da filha do jornalista, Bruna, veio a público durante o depoimento do então senador Demóstenes Torres (sem partido) ao Conselho de Ética. Ela teria recebido da empresa Alberto e Pantoja --segundo a PF (Polícia Federal), integrante do esquema de Cachoeira – R$ 45 mil em sua conta pessoal.
Em entrevistas aos jornais "O Estado de S.Paulo" e "SBT Brasil", Bordoni afirmou que o depósito era referente ao pagamento de metade de uma dívida de R$ 90 mil que a campanha de Perillo teria assumido, em 2010, com ele.
Ainda segundo o jornalista, o depósito teria sido efetuado pelo então assessor especial do governador, Lúcio Fiúza Gouthier. Bordoni chegou a reiterar todas suas acusações em depoimento à CPI do Cachoeira.
Tanto Perillo como Gouthier negam a versão do jornalista. À época, o tucano disse que o valor pago à Bordoni seria de R$ 33 mil, já declarados à Justiça Eleitoral.
“Vou recorrer”
“Simplesmente foi orquestrado. A conclusão que se chega é que estão buscando um salvo conduto para o governador, me colocando como mentiroso na história. Mas não vai ficar assim, a verdade vai prevalecer”, afirmou, em entrevista por telefone ao UOL, Luiz Carlos Bordoni.
Bordoni diz ainda que vai recorrer da decisão em primeira instância e, se preciso, levará o caso ao CNJ (Conselho Nacional de Justiça).
Segundo ele, a sentença não tem valor pelo fato dele não ter sido notificado sobre a audiência marcada pelo juiz. “Todos em Goiânia sabem onde eu moro. Nem publicada foi essa notificação, então vou recorrer assim que meu advogado receber a sentença”.
Sobre a argumentação do magistrado, que diz não haver provas que sustentem suas acusações, o jornalista foi conciso. “Ele não analisou nada”.
Governador
Em férias, o governador de Goiás, afirmou, por meio do seu advogado, João Paulo Brzezinski, a acusação feita por Luiz Carlos Bordoni de que a sentença foi “orquestrada”.
“Assim ele [Bordoni] está criticando, atacando o juiz que teve a decisão, não o governador”, disse Brzezinski.
Responsável pela defesa do tucano em outros processos contra jornalistas, Brzezinski garante que a intenção de Perillo não é ir contra a liberdade de expressão, mas apenas impor limites aos “excessos” cometidos por alguns profissionais da comunicação.
“Antes de qualquer ação, fazemos uma análise muito cuidadosa sobre o limite da reportagem”, afirmou o advogado antes de gabar-se por ter vencido todas as ações contra jornalistas julgadas até o momento.
“Isso demonstra que o trabalho é coerente e que entramos com a ação somente quando fica demonstrado o excesso”, disse.
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