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Barroso diz que não se deve votar pela multidão; Marco Aurélio o chama de "novato"

Guilherme Balza

Do UOL, em Brasília

12/09/2013 18h28Atualizada em 12/09/2013 19h30

Os ministros Marco Aurélio Mello e Luís Roberto Barroso divergiram nesta quinta-feira (12), em sessão do STF (Supremo Tribunal Federal) que analisa se a Corte deve ou não aceitar os embargos infringentes, recursos que podem reabrir o julgamento de 12 réus condenados no mensalão.

Irônico, Marco Aurélio chama Barroso de "novato"

Enquanto Marco Aurélio votava e citava a pressão que os ministros têm sofrido da mídia e da opinião pública, Barroso pediu a palavra para comentar o voto do colega.

“Não estou almejando ser manchete favorável. Sou um juiz constitucional, me pauto pelo que acho certo ou correto. O que vai sair no jornal no dia seguinte, não me preocupa”. “Eu cumpro o meu dever. Se a decisão for contra a opinião pública é porque este é o papel de uma Corte constitucional”, declarou o ministro, o mais novo integrante do STF, empossado em junho deste ano.

Segundo Barroso, a "opinião pública é muito importante numa democracia", mas não deve pautar os votos dos ministros. "A multidão quer o fim deste julgamento. E devo dizer que eu também. Mas nós não julgamos para a multidão. Nós julgamos pessoas. Eu não estou aqui subordinado à multidão, estou subordinado à Constituição", declarou.

Marco Aurélio respondeu, dizendo que o "novato" crítica o grupo. “Vejo que é um novato: parte para a crítica ao próprio colegiado”, afirmou para Barroso. Em seguida, Marco Aurélio criticou Barroso porque o colega fez elogios ao réu José Genoino, ex-presidente do PT e um dos condenados no julgamento, durante uma sessão que julgou embargos declaratórios do réu. “Vossa excelência elogiou um dos acusados, devo admitir.”

Aurélio disse ainda que "se eu tiver que ir para o paredão com meu voto, vou para o paredão".

Barroso treplicou e disse que veio ao STF "para somar, compartilhar ideias" e pediu desculpas caso algum colega tenha se sentido criticado. 

A sessão desta quinta-feira terminou empatada, com 5 votos favoráveis aos infringentes e 5 contrários. A decisão ficou para a próxima quarta-feira (18), quando votará o ministro Celso de Mello, único que ainda não opinou sobre o caso. Barroso votou a favor dos recursos, enquanto Marco Aurélio se posicionou contra.