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Aécio defende julgamento rápido do mensalão mineiro para "mostrar diferença" do esquema petista

Carlos Madeiro

Do UOL, em Maceió

21/09/2013 14h48

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), defendeu neste sábado (21) que o julgamento do "mensalão mineiro" aconteça o mais rápido possível. O  virtual candidato à presidência em 2014 concedeu entrevista ao UOL antes de iniciar o encontro regional do partido, em Maceió.

Para Aécio, com o julgamento, "as pessoas vão compreender que [o mensalão mineiro] não teve nada a ver com o mensalão petista". O caso envolve a denúncia de peculato e lavagem de dinheiro durante campanha eleitoral de tucano Eduardo Azeredo ao governo de Minas Gerais em 1998. O esquema também teria utilizado recursos públicos, segundo denúncia da PGR (Procuradoria Geral da República). 

A seguir, os principais trechos da entrevista:

Encontros regionais

Estamos iniciando aqui no Nordeste as conversas que vamos ter com os brasileiros. Esse é o primeiro de uma série de encontros regionais que vamos fazer. Não diria que é um início de uma pré-campanha, mas de um projeto que o PSDB quer apresentar ao país. Queremos aqui mostrar que o governo federal é ineficiente e pouco generoso com a região Nordeste.

Defesa ao legado FHC

Nós já temos feito isso. Se hoje é um país melhor que há 15, 20 anos --e é um país melhor-- ele tem de louvar muito a bendita herança do FHC, com a estabilidade da moeda, as privatizações, que foram importantes para o crescimento da economia. Então acho que temos que resgatar o legado. Agora mais importante que isso é olhar para o futuro. Essa não é uma eleição de legado, mas de futuro. temos muito orgulho do ex-presidente FHC, da sua trajetória, do que ele significou. Mas temos a preocupação porque muitos pilares estão sob risco, como a inflação, que está longe de meta, e temos crescimento pífio da economia. É preocupante isso. Há um parda de confiança do Brasil, como vimos nos leilões de rodovias e ferrovias. E vou voltar a dizer: a manutenção dessas conquistas estão sob risco. Vamos para o debate de coisas que poderiam ser fácil de serem resolvidas.

Críticas ao governo

Qualquer pesquisa --e nós que andamos nas ruas nem precisamos disso-- aponta que as maiores preocupações dos brasileiros são saúde e segurança. Quando o governo o PT iniciou a gestão, 56% de tudo que se gastava era com saúde pública. Hoje gasta 45%. E a conta vai para onde? Para estados e municípios, que não tem recursos para oferecer a qualidade no serviço. Na segurança, 87% de tudo que se gasta é dos Estados e municípios. Há uma gestão muito pouco solidária com os Estados e municípios, isso está na essência da proposta do PSDB. A raiz dos problemas está na fragilidade do pacto federativa. Eu tenho proposta de descentralização, ma sempre encontrando oposição do governo.

Relação com Eduardo Campos

A presença do Eduardo é muito saudável para o processo eleitoral. Lá na frente, o que vai acontecer a gente não sabe. Temos parcerias longas em várias estados, inclusive no meu [MG], aqui em Alagoas, em SP. É uma afinidade muito natural. Eu acredito muito nas coisas naturais, vamos deixar as coisas acontecer. Tenho que respeitar a posição do Eduardo, que tem um projeto a presidência, como um possível pré-candidato e deixar que o tempo decida essas coisas. Mas nós vamos continuar conversando sobre o Brasil. Vejo Eduardo jamais como adversário. Vejo como uma pessoa que traz uma contribuição enorme ao processo político.

Acordo com José Serra

Meu papel, como presidente do partido, estou cumprindo que é andar pelo país para motivar meus companheiros, construir um discurso do partido. Eu acho que é muito termos um quadro como o Serra, e é normal que ele postule qualquer coisa. Mas acho que no momento certo o PSDB vai estar unido para ser competitivo nessa eleição --e tenho convicção que seremos, pois 65% da população já expressou que não quer votar na presidente. Isso significa que há um largo espaço de oposições.

Campanha antecipada

A multa para que antecipa campanha [entre R$ 5.000 e R$ 25 mil] é baixa. Lamentavelmente o governo estimula essa campanha quando lança a candidata Dilma. Temos um governo onde há uma indevido uso de instrumentos públicos. Coloquei um ponto na reforma política para que a convocação de cadeia de rádio e TV aconteça apenas para assuntos de interesse da nação, proibindo menção a adversários e propaganda política. Nas últimas vezes, as convocações foram usadas para divulgar obras e atacar adversários.

Recursos dos réus do mensalão

Pode ter sido bom para os réus; duvido que tenha sido bom para o governo. Volta a pairar aquele sentimento de que existem duas justiça: uma para os menos providos e outra para os poderosos. O que me preocupo é em questão a isso. Não vou entrar no mérito dos embargos infringentes eram corretos ou não. O STF tem obrigação de fazer esse julgamento e virar essa página o mais rápido possível, porque o que eu percebo há uma sensação nova de impunidade, e isso depõe contra a própria democracia. O Brasil clama por isso.

Demora no julgamento do mensalão tucano

Que seja julgado! Porque na hora que for julgado as pessoas vão compreender que não teve nada a ver com o mensalão petista, que foi apropriação de recursos públicos durante o governo para garantir votações. Ali, se houve alguma coisa, foi na arrecadação de recurso eleitoral. E se houve algum crime, aqueles que o fizeram, devem ser responsabilizados. Assim ficará logo provado que são processos distintos. Acho até bom que seja julgado logo.