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Exumação de Jango "transcende interesse da família", diz neto do ex-presidente

Carlos Madeiro

Do UOL

13/11/2013 18h27

João Marcelo Goulart, o neto do ex-presidente João Goulart --conhecido como Jango--,  afirmou que a família está feliz com a exumação dos restos mortais do avô. A operação para retirada do material acontece nesta quarta-feira (13).

“[A exumação] Transcende o interesse da família. É uma questão de interesse do país. Todo nós saímos vitoriosos”, disse em entrevista à rádio Cultura, na saída do cemitério de São Borja (619 km de Porto Alegre), onde foi enterrado seu avô e acontecem os trabalhos.

A viúva de Jango, Maria Terez Goulart, não acompanha os trabalhos por considerar que seria doloroso demais.

O representante da família na exumação, o reitor da Universidade de Ciências Médicas de Havana Jorge Pérez, disse que todo o protocolo de exumação está sendo cumprido e que não há pressa em encerrar o processo.

“Nós estamos seguindo um protocolo, não sei pode passar de uma etapa para outra antes de concluí-la. Não há um tempo para isso. Todos que estão aqui têm experiência, já realizaram perícia”, disse.

Segundo ele, por volta das 17h os peritos ainda estavam numa fase intermediária da exumação. “[Estamos em um] Estágio de descrição detalhada, medindo todo mausoléu, pois lá há mais de um enterro. É preciso descrever tudo, fazer perfurações para tirar gases”, disse.

Já a ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Maria do Rosário, disse que os trabalhos seguem, sem uma previsão de conclusão.

“Não estabelecemos [prazo] como gestores de Estado. Entregamos todos os prazos à perícia e a coordenação. Todo protocolo que será seguido, para validação do procedimento, que é o mais importante, está sendo feito. Os peritos são rigorosos, e a equipe está trabalhando”, afirmou.

Vitória da democracia

Em nota divulgada nesta quarta-feira, a Comissão Nacional da Verdade (CNV) disse que a exumação e a homenagem ao ex-presidente João Goulart é uma “vitória da legalidade, da democracia e do Povo brasileiro.”

“A verdade que o golpe de Estado de 1964 tentou esconder, hoje surge com clareza. João Goulart era o Presidente constitucional, majoritariamente apoiado pela população, como revelam pesquisas de opinião da época. Foi deposto por uma conspiração civil–militar, com fundamento na ideologia de segurança nacional”, disse.

A nota diz ainda que, pretende, com a exumação, esclarecer o motivo da morte de Jango. “Durante o exílio, foi vigiado permanentemente por órgãos de informação e repressão brasileiros e estrangeiros. A CNV, desde sua instalação, trabalha para o esclarecimento das reais circunstâncias de sua morte”, concluiu.