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Roberto Jefferson diz ter 'expectativa zero' de cumprir pena em casa

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio de Janeiro

04/12/2013 08h12Atualizada em 04/12/2013 09h47

O ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), delator do mensalão, chegou por volta das 8h no Hospital do Câncer, no bairro do Santo Cristo, zona portuária do Rio de Janeiro, para fazer a perícia médica que vai definir se ele deve cumprir a pena de sete anos em casa. Ele estava acompanhado da mulher, Ana Lúcia, e da filha, Cristiane Brasil, que é secretária de Envelhecimento Saudável da Prefeitura do Rio. O procedimento foi determinado pelo presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Joaquim Barbosa, e levou cerca de uma hora e meia.

ENTENDA A DIFERENÇA ENTRE OS CASOS

José Genoino (PT-SP)Roberto Jefferson (PTB-RJ)
CardiopatiaCâncer no pâncreas
Perícia foi feita por cinco médicos da UnB e do Hospital Universitário de BrasíliaPerícia feita por junta médica composta por ao menos três médicos oncologistas no Inca, no Rio
Está preso desde o dia 15 de novembroJefferson aguarda o Supremo expedir seu mandado de prisão em regime semiaberto
A perícia só foi feita após o deputado passar mal na prisão e sua defesa entrar com pedido no STF para prisão domiciliarSTF determinou a perícia médica para definir se ele deve cumprir a sua pena de 7 anos em casa, como pedido por sua defesa

Quando indagado sobre as expectativas quanto à possibilidade de conseguir o direito à prisão domiciliar, Jefferson disse apenas "zero". O advogado do ex-parlamentar, Marcos Pedreira Pinheiro de Lemos, afirmou que atenderia a imprensa após a perícia, mas ambos deixaram o hospital por volta das 9h30 sem se pronunciar. Jefferson fez apenas um sinal de positivo com a mão quando o carro em que estava parou no sinal vermelho.

Em nota em seu blog, o ex-deputado escreveu que os médicos foram "educados" e técnicos" e pediu desculpas por não ter falado com a imprensa. "Acompanhado do meu advogado, Marcos Pinheiro de Lemos, fui hoje ao Hospital do Câncer; levei meus exames e os históricos de minhas cirurgias. Educados, os médicos nomeados pelo Supremo foram sobretudo técnicos. Aproveito pra pedir desculpas à imprensa por não atendê-la neste momento, uma vez que, a pedido do meu advogado, devo permanecer em silêncio, em respeito à Justiça", escreveu Jefferson. "Compreendo a dificuldade de vocês, mas, agora, é o melhor que posso fazer por mim. O que tinha que fazer pelo bem do Brasil, eu já fiz. Volto a falar com vocês assim que puder."

O ex-deputado foi operado para retirar um tumor maligno do pâncreas em julho de 2012. A cirurgia também removeu partes de outros órgãos, como intestino, estômago e duodeno.

A defesa de Jefferson havia entrado com recurso para ele possa cumprir a pena em casa  sob o argumento de que seu estado de saúde é frágil, mas o recurso foi negado pelo STF no último dia 13. Na ocasião, Barbosa argumentou que ainda não era o momento de decidir sobre como Jefferson iria cumprir a pena.

Depois, Barbosa voltou atrás e determinou a perícia médica mesmo sem haver novo pedido da defesa. Na sua decisão, ele escreveu que o pleito "mostra-se condizente com as finalidades da execução penal o pronto exame do pedido feito pelo sentenciado Roberto Jefferson, antes de dar início à execução da sua pena".

Caso não possa cumprir sua pena em casa, ele o fará em regime semiaberto. Jefferson foi condenado a sete anos e 14 dias de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro por ter recebido R$ 4,5 milhões do esquema do mensalão.

Jefferson está com a mulher desde novembro em sua casa de campo em Levy Gasparian (a 140 quilômetros do Rio de Janeiro), aguardando o mandado. Ele também já disse a jornalistas que não tem dinheiro para pagar a multa a que foi condenado pelo STF, que será de R$ 720 mil.

OUÇA TRECHO DA ENTREVISTA À FOLHA DE S.PAULO EM QUE ROBERTO JEFFERSON MENCIONOU A EXISTÊNCIA DO MENSALÃO PELA PRIMEIRA VEZ

Renúncia

Ontem, o deputado federal José Genoino (PT-SP) renunciou ao mandato na Câmara. Foi o quinto parlamentar ligado ao caso a abrir mão do mandato para evitar processo de cassação. Além dele, também optaram por essa saída, em 2005, Bispo Rodrigues (do extinto PL, atual PR, do RJ), José Borba (PMDB-PR), Paulo Rocha (PT-PA) e Valdemar Costa Neto (PR-SP).

Com exceção de Rocha, todos acabaram condenados pelo STF (Supremo Tribunal Federal).