Zambelli pressionou comandante da Aeronáutica por golpe de Estado, diz PF
A PFaponta que a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) pressionou no final de 2022 o então comandante da Aeronáutica, Almeida Baptista Junior, para que ele participasse do plano golpista.
O que aconteceu
"Não pode deixar Bolsonaro na mão", teria dito Zambelli, que foi citada nove vezes no relatório final da Polícia Federal. Em depoimento à PF, o tenente-brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Junior informou que foi pressionado pela deputada em uma formatura de aspirantes a oficiais da PF, em 22 de dezembro de 2022, em Pirassununga (SP).
"Não admito", respondeu o tenente-brigadeiro, segundo declaração dele à PF. No depoimento, ele disse que interpretou a fala da deputada como uma proposta de adesão a um ato ilegal e que respondeu que não admitia a proposta.
Baptista Junior foi um dos generais que se recusaram a aderir ao golpe. Procurado por Braga Netto, ele rechaçou a adesão da Aeronáutica ao intento golpista, segundo o relatório da PF. "Não concordariam com qualquer ato que impedisse a posse do governo eleito", diz o documento que teve quebra de sigilo nesta terça-feira (26).
Defesa da deputada nega envolvimento dela com o plano. "Ela já desmentiu isso", respondeu o advogado de Zambelli, Daniel Bialski. "E tanto não tem envolvimento dela que ela não é indiciada. Ela não fez nada de suspeito. Nunca houve qualquer tipo de conduta ou manifestação."
Brigadeiro, o senhor não pode deixar o presidente Bolsonaro na mão.
Carla Zambelli, segundo o comandante da FAB
Deputada, entendi o que a senhora está falando e não admito que a senhora proponha qualquer ilegalidade.
Carlos de Almeida Baptista Junior, tenente-brigadeiro da Aeronáutica, em resposta à deputada
Trocas de mensagens com Marcos do Val
Tentativa de atrapalhar investigações. Em 6 das 9 vezes em que que é citada no relatório da PF, Zambelli trocou mensagens com o senador Marcos do Val (Podemos-ES). As conversas entre os dois foram apontadas pela PF como provas de que houve tentativa de "embaraçar as investigações". Segundo a investigação, o senador deixou evidente que queria descredibilizar o ministro Alexandre de Moraes, do STF, para que as apurações sobre o plano golpista fossem interrompidas.
Do Val queria "incitar pessoas radicais", diz PF. O senador teria estimulado ataques violentos contra integrantes dos órgãos de justiça e contou com o apoio de parlamentares federais.
O senador Marcos do Val aderiu à empreitada criminosa desenvolvida pela organização criminosa, iniciada pelo blogueiro foragido Allan dos Santos, com o objetivo de tentar coagir as autoridades policiais que atuaram no presente feito.
Relatório final da Polícia Federal
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