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Após PMDB, PSC se declara independente do governo

Fernanda Calgaro

Do UOL, em Brasília

12/03/2014 18h56Atualizada em 12/03/2014 22h24

Em mais um revés para o Planalto, o líder do PSC (Partido Social Cristão) na Câmara dos Deputados, Andre Moura (SE), anunciou nesta quarta-feira (12) que a sigla, assim como o PMDB, também votará as matérias de maneira "independente".

A bancada do PSC conta com 13 deputados na Casa, incluindo o Pastor Marco Feliciano (SP), e integra a bancada evangélica, que representa um público estratégico para a presidente Dilma Rousseff na sua campanha à reeleição. Feliciano foi, em 2013, o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, com a ajuda do PT, que não indicou representante para o colegiado.

"Vamos agir com independência e encaminhar as matérias da maneira que for melhor para o país", afirmou Moura. "Vamos dizer 'sim' quando entendermos que for melhor e 'não' quando acharmos que não será melhor."

O líder do PSC ressaltou, porém, que isso não significa que a sigla esteja rompendo com o governo. "Não estamos rompendo nem aderindo à oposição."

No total, dos 513 deputados federais, 70 parlamentares de 15 partidos formam a bancada evangélica na Câmara.

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O clima entre o governo e a base aliada continua tenso. Nesta quarta, a Câmara aprovou convites e convocações para 10 ministros de Dilma prestarem esclarecimentos

PMDB x governo

Nesta terça-feira, após reunião na Câmara dos Deputados, a bancada do PMDB, um dos principais aliados da base de sustentação do governo federal, decidiu que votará as matérias de forma independente e defendeu que a aliança nacional com o PT, firmada nas eleições de 2010, seja rediscutida pela Executiva Nacional do partido.

O líder do PMDB na Câmara, deputado Eduardo Cunha (RJ), negou, porém, que os parlamentares sejam favoráveis ao rompimento imediato da aliança, mas, sim, a uma "DR" com o PT, em referência à expressão "discutir a relação". "Quando se fala em discussão, não se fala em discussão visando o rompimento somente. (...) É que nem um casal quando discute a sua relação. Ele não vai dizer que vai se separar para discutir a relação, mas você quer aprimorar o entendimento, ou não ter entendimento", disse.

Na tentativa de pôr fim à crise com o PMDB no Congresso, Dilma se reuniu na segunda-feira (10) com caciques do partido aliado e chegou a dizer ontem que o partido "só dá alegrias". A revolta do partido se deve à resistência do governo em dar mais um ministério para a sigla na reforma ministerial em curso, além da recusa do PT em apoiar candidatos do PMDB a governador em Estados como o Ceará e o Rio de Janeiro.

A estratégia da presidente Dilma é tentar conter a rebelião na Câmara, encabeçada por Cunha.

Na semana passada, Cunha chegou a defender o rompimento da parceria do PMDB nas eleições de outubro e fez ataques, via Twitter, ao presidente do PT, Rui Falcão, chamando-o de "doido" por "boquinhas" no governo. Falcão rebateu dizendo que não iria aceitar "ultimatos" de Cunha.

O líder do PMDB também diverge do governo por ser favorável à criação de uma comissão para investigar supostas fraudes da Petrobras, contrariando o PT, e se posiciona contra o projeto do Marco Civil da Internet, considerado estratégico para o governo.

Cunha também participou da articulação de um bloco informal de partidos na Câmara, apelidado de "blocão", para propor a votação de projetos independentemente da vontade do governo. O "blocão" é formado por seis legendas da base aliada – PMDB, PP, Pros, PR, PTB, PSC – e por uma da oposição, SDD.