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Do golpe à prisão, ex-marido relembra a luta contra a ditadura ao lado de Dilma

Carlos Araújo (esq.) concede entrevista com foto de João Goulart, Juscelino Kubitschek e Fidel Castro ao fundo - Arte sobre foto de Lucas Azevedo/UOL
Carlos Araújo (esq.) concede entrevista com foto de João Goulart, Juscelino Kubitschek e Fidel Castro ao fundo Imagem: Arte sobre foto de Lucas Azevedo/UOL

Lucas Azevedo

Do UOL, em Porto Alegre

31/03/2014 06h00

Carlos Araújo vive em uma casa grande, em uma zona privilegiada de Porto Alegre. Ali, olhando para o rio Guaíba - que chega até a grama de seu jardim -, o ex-deputado estadual pelo PDT, ex-marido e um dos principais conselheiros da presidente Dilma Rousseff, recorda dos anos que viveu na clandestinidade com a companheira “Wanda” e da tortura sofrida nos anos de ditadura militar.

Da sala de casa, onde recebe Dilma toda vez que ela viaja ao Rio Grande do Sul, ele avista a Ilha do Presídio, no meio do Guaíba, local em que esteve preso e recebia a visita da ex-mulher. Ao relembrar um dos mais famosos casos dos "anos de chumbo", o roubo ao cofre do ex-governador de São Paulo Adhemar de Barros, Araújo comenta: “O capital financeiro é tão poderoso que ele é mais ágil que qualquer órgão da repressão”. Ele faz referência a um grande banco que se ofereceu aos guerrilheiros para trocar o fruto do roubo por moeda nacional.



Na grande sala de janelas imensas, onde, no chão, dois cães se deitam perto da bola do clube gaúcho Internacional, brinquedo do neto com Dilma, Gabriel, Araújo contempla uma fotografia de Jango com Fidel Castro, e avalia: “Fomos equivocados politicamente. Não havia condições de luta armada naquele momento. Quem estava certo era o MDB. A luta era parlamentar. Mas eu me orgulho de ter participado daquilo tudo. Éramos um bando de jovens desprendidos, jogando nossas próprias vidas naquilo”.

Em depoimento ao UOL, Carlos Araújo relembra os anos que ele e Dilma Rousseff se dedicaram ao combate ao regime militar. Para Araújo, o ano de 1974, quando deixou a prisão, representa uma mudança de rumo e o fim de um período. Veja o seu depoimento abaixo:

1964 - Comunista hipnotizado

Eu estava trabalhando no escritório do meu pai como advogado trabalhista, um escritório que atendia apenas trabalhadores. Estávamos muito preocupados com a situação, porque de 1961 a 1964 o Brasil viveu uma efervescência de movimentos sociais que nunca tinha havido em sua história. Várias categorias reivindicavam, saíam às ruas. Havia um ambiente propício para reivindicação. Mas a gente, sabendo como é o processo da história, sempre temeroso. O governo dizia que tinha um esquema militar garantido para funcionar. Mas a gente temia que a coisa não seria bem assim.

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Jogue

 

O dia 31 de março não nos pegou totalmente desprevenidos. A surpresa maior foi que esse esquema militar não existia como o governo achava. Como se sabe, ele existia baseado no comando do comandante do II Exército, general Amaury Kruel. Pois agora, segundo documentos encontrados nos EUA, se sabe que ele foi comprado por um milhão de dólares. Isso é fantástico. Um general, homem até então tido como honrado, democrata, foi comprado. Mas o golpe não era totalmente imprevisível. As passeatas promovidas pela direita, de grande magnitude, também eram um sinal de que a coisa poderia virar uma ditadura.

Trinta dias depois fomos presos, meu pai e os três filhos. Colocados em uma fundação para menores em Porto Alegre, eram cerca de 700 presos de todo o Rio Grande do Sul. Naquele primeiro momento, foi como se lançassem uma tarrafa [rede de pesca]. Pegaram quem estava por aí e recolheram. Todo o tipo de pessoa foi presa, as que eles achavam que eram contra o regime. Eles não tinham know-how, fichários, nada. Foram pegando os mais notórios. E aí vinham as denúncias de cada cidade, e perseguições dos mais variados tipos. Houve até perseguições dentro do Exército, um pelo cargo do outro.

Onde estávamos, tinha um médico, o doutor Veloso, que era um médico que tinha trazido para o Brasil o método Pavlov, para ser aplicado na psiquiatria. Lá tinham presos com dor de dente, pedra renal, que não se tinha a quem apelar. Quando ocorria isso, chamávamos o doutor Veloso para hipnotizar. A dor passava por umas horas. Ele foi ficando famoso. Então chamaram ele para fazer uma palestra para os presos. Abriram uma cela com muita gente. Tinha um tipo na cadeia, desses que todo mundo gosta, um gauchão largado, prestativo, popular na cadeia. O pessoal pediu para o doutor hipnotizar ele para fazer uma demonstração. O gaúcho disse que concordava. O Veloso hipnotizou o cara e perguntou o nome dele, onde ele nasceu, se tinha filhos, e o cara respondendo. Dali a pouco o doutor pergunta: 'Qual foi o dia mais feliz da tua vida?'. O gaúcho pensou, deu um sorrisinho e disse: 'O dia mais feliz da minha vida foi quando eu entrei pra o Partido Comunista'. Acabou a palestra. Ficamos apavorados, o cara se expor daquele jeito.

1968 - Conhecendo Dilma na clandestinidade

Tínhamos um grupo de estudos. Eu advogava e estava fazendo movimento em portas de fábrica, organizado os trabalhadores. Mas chegou o momento que começamos a ver que no Brasil havia grupos fazendo ações para pegar armas em quartéis, dinheiro em banco. Começamos a achar interessante. Daí procuramos o Colina [Comando de Libertação Nacional], de Minas Gerais. Conseguimos uma reunião com eles e fomos discutir quais eram as ideias, como eles estavam procedendo. Nos fundimos com eles. Quando fui nessa reunião com eles, no Rio de Janeiro, é que eu conheci a Dilma. Ela já estava na clandestinidade no Rio, pois era procurada em Minas. Nos incorporamos a esse grupo e fundamos a VAR-Palmares [Vanguarda Armada Revolucionária Palmares]. Quando conheci a Dilma, ela era casada com o [jornalista] Cláudio Galeno. Na verdade, era um casamento arrumado para fazer fachada para a repressão. Terminou o casamento, eu e ela ficamos juntos e nos tornamos amigos do Galeno. Ela era a Wanda e eu era Pedro, depois virei Max.

1969 - Capital financeiro é mais ágil que órgão de repressão

Formamos um comando. A Dilma foi para São Paulo organizar as coisas por lá.

Nosso grupo fazia ações de expropriação nos bancos, pois achava que estávamos pegando de volta o dinheiro que era do povo. Essas ações eram para comprar armas, sustentar o grupo, para nos prepararmos e irmos para a guerrilha. Começou a ter tanta gente precisando se mudar porque estavam sendo procurados, que no Rio tínhamos centenas de pessoas para sustentar.

Na clandestinidade, mesmo vivendo com as mínimas condições, tem que pagar um aluguelzinho, uma comidinha, daqui a pouco tem um remédio pra comprar. E a gente começou a fazer ações só pra sustentar o pessoal. A gente pesava: ”Vamos virar marginais. Isso não dá".

Então a gente pensou em fazer uma ação grande para não precisar mais assaltar banco. Começamos a investigar. Na época, o ex-governador de São Paulo, Adhemar de Barros, tinha o monopólio do jogo do bicho em SP e no Rio. A amante dele era a dona Ana Capriglione. O Adhemar tinha uma mulher muito braba, que era a dona Leonor. Ele levou a dona Ana para o palácio, mas a chamava de doutor Rui, em bilhetinhos, para não ficar evidente. A coisa ficou complicada, e ele mandou a Ana para o RJ de novo.

Na época, ele dividiu o Rio ao meio e deu metade do jogo do bicho para a Ana e a outra para o [ex-governador] Chagas Freitas. Levantamos que a dona Ana tinha um cofre no quarto da sua mansão, uma casa de quarteirão inteiro em Santa Tereza. O dinheiro do jogo ela transformava em dólar e, quando chegava a uma certa quantidade, mandava para o exterior. Nos chegou a comunicação que o cofre estava cheio. O momento era aquele.

Ela tinha dois cofres, um na casa em Santa Teresa e o outro em Copacabana. Queríamos fazer os dois ao mesmo tempo. Mas vimos que não tínhamos estrutura para isso. Fizemos só o de Santa Tereza. Foi um dia inteiro: tirar o cofre lá de cima, a escadaria tinha aquelas escadas ovais de filme americano. Tínhamos que descer com roldana, um negócio infernal. Quando chegamos na casa tinha 14 empregados.

Eu e a Dilma não éramos do setor de operações. Mas nós decidíamos o que seria feito. Embora não tenhamos participação direta, atuávamos no planejamento. Nós éramos mais do trabalho de massa. Nesse momento, o movimento tinha em torno de trezentos quadros só no Rio. No país inteiro uns mil. Levamos o cofre para uma casa em São Cristóvão. Levei de Porto Alegre um maçariqueiro para abrir. Tinha lá dentro US$ 2,2 milhões, o que não era brincadeira na época. A gente duvidava que teria coisa lá dentro, até a hora que vimos aquele dinheiro.

Nosso pessoal estava passando fome, não tinha dinheiro para nada. Tínhamos que trocar o dólar. No Rio, naquela época, só tinha quatro casas de câmbio. No dia seguinte ao assalto, saiu em todos os jornais, e a dona Ana negando. Tanto é que nunca fomos processados por causa disso. Ela sempre negou que tinha dinheiro naquele cofre. Sabíamos que a polícia estaria nas casas de câmbio nos esperando, mas não tínhamos outra saída. Precisávamos fazer uma operação para trocar os dólares. Pegamos duas companheiras que falavam bem inglês, escolhemos uma casa de câmbio perto do Copacabana Palace e fizemos uma boa cobertura armada. Elas trocaram dois mil dólares. Não aconteceu nada. Então fomos nas outras casas e conseguimos trocar uns 20 mil dólares.

Um dos aspectos mais curiosos que aconteceram na época, com a repressão nos procurando, é que 48 horas depois do assalto, o Bradesco mandou um emissário falar conosco para trocar todos os dólares com câmbio privilegiado. Um companheiro era filho de um gerente, e a direção do banco procurou ele para chegar na gente. Pensamos que isso poderia ser armadilha. Como 48 horas depois do assalto o Bradesco já estava na boca? Discutimos e resolvemos marcar um ponto com o gerente numa praça em Copacabana. Realmente o cara apareceu. Então começamos a trocar dinheiro com o Bradesco. Por isso que eu digo: o capital financeiro é tão poderoso que ele é mais ágil que qualquer órgão da repressão. É um negócio fantástico.

O nosso pessoal no exterior, que estava passando uma miséria desgraçada - muitos saíram do país trocados a em sequestros. Pegamos cerca de um milhão de dólares e entregamos ao embaixador da Argélia para ele levar para o pessoal poder se virar.

1970 - A prisão de Dilma

A Dilma foi presa em janeiro, em frente ao prédio do [jornal paulista] Estadão. O grupo ficou desorganizado. Fui para São Paulo tentar reorganizar. Fiquei até agosto, quando fui preso, junto ao campo do [clube paulista] Palmeiras. Ia me encontrar com um companheiro de outra organização. Já estava tão apertada a coisa que, naquele tempo, o encontro era andando. A gente marcava num quarteirão, um vinha num sentido, outro no no contrário. Mas esse companheiro já tinha sido preso, barbaramente torturado, e falou do nosso encontro.

Fiquei preso em São Paulo no DOI-Codi até outubro. Então me levaram para o Rio. Quando estava entrando no camburão, vi a Dilma. No Rio fomos para o DOI-Codi. Troço bárbaro também. A tortura quebrando o pau a noite inteira. Não sabíamos o que estávamos fazendo ali. Lá pelas tantas, me botaram numa cela, a Dilma noutra. Uns quatro ou cinco dias depois nos encontramos pela primeira vez depois das prisões em uma audiência na Justiça Militar. Era um processo que tinham aberto contra nós. Foi quando fizeram aquela foto da Dilma, muito expressiva. Tem uma minha também, no mesmo dia, em situação precária - passei dias levando pau.

Vimos que tinha gente no processo que não conhecíamos. Começamos a ver quem eram, e a maioria era filhos de militares. Tentaram botar tudo no mesmo processo. Falei pra Dilma: 'Disso daqui deve sair pena leve'. Veio a pena, peguei três anos, e a Dilma, dois e meio. E o resto do pessoal seis meses, oito meses.

A Dilma voltou para o [presídio] Tiradentes, em São Paulo, e eu para o Rio. Fiquei uns seis meses preso num hangar no Aeroporto Santos Dumont.

1971 - Certidão de casamento assinada por Romeu Tuma

Fui transferido para o Tiradentes, em São Paulo. A Dilma estava na ala feminina. Formalmente quem dirigia o presídio eram os agentes penitenciários, que não estavam nem aí para nós. Fui para uma cela com 24 presos. Os dias de visita eram quartas e sábados. Tem uma lei que diz que quando marido e mulher estão presos, os dias de visita são com os dois juntos. Por exemplo, como os filhos vão visitar os pais em dias diferentes? Então visita um e vai o outro junto.

Como eu e a Dilma vivíamos juntos antes, fizemos um requerimento para as nossas mães nos visitarem juntos. Foi negado sob o argumento de que não éramos casados. Mas a repressão sabia de tudo, eles nos torturaram, estavam cansados de saber que vivíamos juntos. Mas o que a repressão mais detestava, pode ter certeza, eram as mães de presos políticos. Porque elas são incansáveis. Elas íam para o Dops todo dia. O Romeu Tuma era o diretor. Um dia ele encheu o saco e chamou as nossas mães e disse: 'Vamos ouvir vocês duas, abrir um processo. Vocês vão declarar que eles viviam juntos e vamos dar uma decisão administrativa'. Por isso que eu falo que a certidão de casamento minha e da Dilma foi assinada pelo Romeu Tuma, no Dops.

1972 - "Agora eles vão nos matar"

Eu tinha sido transferido e estava preso em Porto Alegre, na Ilha do Presídio. A Dilma já estava solta e morava na casa dos meus pais. Ela recém tinha saído da cadeia e procurava emprego. A Dilma estudava economia e começou a trabalhar na FEE [Fundação de Economia e Estatística]. Tinha uns outros cinco presos políticos trabalhando na fundação. Até que começou uma briga interna entre o [presidente Ernesto] Geisel e o [ministro do Exército, general] Sylvio Frota. O Frota queria derrubar o Geisel. Nessa luta, ele largou um manifesto dizendo que o governo estava cheio de comunistas. Aí o Geisel, com o Golbery [do Couto e Silva, então ministro da Casa Civil], desafiou ele a dizer quem eram. O Frota colocou 45 pessoas na lista. A Dilma estava lá. A Dilma saiu e só voltou ao governo mais tarde, pela Lei da Anistia.

Na segunda metade do ano, os presos começaram a deixar a ilha. Ficaram apenas eu e mais um companheiro. Passamos o dia 31 de dezembro cozinhando para receber nossos familiares. Dali a pouco, chegou a lancha da polícia. Os agentes dizendo que a gente ia ser transferido, que iríamos para o aeroporto Salgado Filho. Pensamos: 'Agora eles vão nos matar'. Nossas famílias sabendo que iam nos visitar no outro dia, e a repressão nos tiram dali para quê? Éramos presos já com processo, então estávamos subordinados à Justiça, não mais à repressão. Nos levaram para o Dops. No caminho, um policial me disse: "Olha, a situação tá feia. Deem um jeito qualquer, porque eles vão levar vocês de madrugada não sei para onde". Pedi para o cara avisar minha família. No Dops, me disseram que a movimentação toda era para nos matar. Daí entramos em pânico. Meu pai pegou a família toda e foi para a frente do Dops. E nós lá dentro, naquele pavor.

1973 - "Pediram para não te matar"

Era madrugada do dia primeiro. Quatro e meia da manhã, por aí. Nos botaram no camburão e saímos. Dali a pouco, chegamos no aeroporto Salgado Filho. Olho um avião da FAB. Tinha uns caras por ali e, entre eles, o [então chefe do DOI-Codi do II Exército Carlos Alberto Brilhante] Ulstra. Eu tinha passado 75 dias no DOI-Codi. Estava muito machucado. Nesse meio tempo, o Ulstra assumiu o comando, foi lá, falou comigo. Eu o conhecia dali.

No aeroporto falei com ele: "O senhor tem ordem judicial para me transferir? Sou um preso da Justiça Militar do Rio Grande do Sul. Não posso ser transferido".

Ele respondeu: "Isso aqui tá tudo uma cagada. Fizeram uma cagada homérica. Recebi nessa madrugada, em São Paulo, mais de dez telefonemas pedindo para não te matar. Como sabiam que eu vinha te pegar aqui?".

Ele disse: "A situação ficou horrível. Vou ter que te levar para São Paulo. Mas assumo o compromisso contigo que, logo que conseguir um avião, trago vocês de volta".

Fiquei em São Paulo, no Tiradentes, um mês, me colocaram num avião e voltei para Porto Alegre. Acho que foi abortada a missão deles. O meu pai começou a ligar, ligou para uns milicos amigos dele e, de repente, começaram a ligar pro Ulstra, os próprios militares.

Quando fomos presos, a repressão ainda não tinha feito a lista de quem iam matar. Fizeram essa lista em dezembro de 1970. Nós estávamos fora. Quando chega janeiro de 1972, já tinham matado muita gente e fizeram uma nova lista. Daí começaram a pegar cara que não tinha envolvimento nenhum, como foi o caso do [jornalista Vladimir] Herzog, do [operário Manoel] Fiel Filho, o [deputado] Rubens Paiva, caras que não tinham nenhum envolvimento com a gente. Não posso afirmar com segurança, mas são indícios. Vários que tiveram presos comigo, eles mataram depois.

1974 - Após deixar a prisão

Fui solto em julho, depois de três anos e onze meses de cadeia. Já discutíamos o que fazer depois. Na cadeia, usei bastante meu tempo para me formar politicamente. Tinha uma disciplina rígida de estudar bastante. Através desses estudos, eu conclui que o trabalhismo brasileiro tinha uma caminhada muito positiva. Por isso nos aliamos ao Brizola.

Saí do PDT, depois voltei. A Dilma saiu, foi para o PT. Fui três vezes deputado.

No total, vivemos 25 anos juntos, eu e a Dilma. Nenhum de nós é o mesmo com o passar dos anos. A Dilma é a mesma com suas determinações, personalidade, mas a visão política vai alterando. Tanto que temos uma visão crítica daquela época.

Fomos equivocados politicamente. Não havia condições de luta armada naquele momento. Quem estava certo era o MDB. A luta era parlamentar, tanto é que veio a eleição de 1974 e o MDB deu um banho de bola. E ali começa o fim da ditadura.

Nós acreditávamos que poderíamos começar uma sociedade socialista no Brasil. Era uma concepção que, hoje se sabe, era inadequada, equivocada. Tivemos um equívoco político, mas eu me orgulho de ter participado daquilo tudo. Éramos um bando de jovens desprendidos, jogando nossas próprias vidas naquilo.