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Barbosa não se mostrou "afeito ao diálogo" na presidência, diz Marco Aurélio

Os ministros Marco Aurélio Mello e Joaquim Barbosa durante sessão do julgamento do mensalão no STF - Sergio Lima/Folhapress
Os ministros Marco Aurélio Mello e Joaquim Barbosa durante sessão do julgamento do mensalão no STF Imagem: Sergio Lima/Folhapress

Guilherme Balza

Do UOL, em São Paulo

29/05/2014 13h02

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Marco Aurélio Mello, que está na Corte desde 1990, afirmou que o anúncio da aposentadoria do presidente do Supremo, ministro Joaquim Barbosa, o pegou de “surpresa”, embora ele já manifestasse cansaço.

“[Foi] Surpresa, muito embora tivéssemos um cenário de especulação, ele não nos falou nada, pelo menos a mim”, afirmou, em entrevista ao UOL. “[No início deste ano] ele estava entrando no plenário, me disse que estava abrindo o ano judiciário pela 13ª vez e que estava de bom tamanho. Eu respondi que já era minha 23ª vez e que não queria parar.”

Marco Aurélio acredita que os problemas de saúde de Barbosa, como uma dor crônica nos quadris, devem ter antecipado a aposentadoria dele. “São os problemas de saúde, o fato de não ter pique para examinar um processo como juiz. Ele tem problemas de saúde sérios. Não compreendo que alguém vire as costas para a cadeira do Supremo a não ser que esteja aludido por problemas de saúde.”

 

Para Marco Aurélio, a maior marca de Barbosa na presidência da Corte foi a falta de diálogo. “A marca maior na presidência foi o fato de não se mostrar afeito ao diálogo. Ele bateu de frente com vários setores, inclusive com integrantes do próprio tribunal.”

Considerando toda a carreira como ministro, Marco Aurélio diz que Barbosa ficará marcado como o “relator da AP 470” [ação do mensalão]. “Vai ficar conhecido como tal.”

O ministro desejou que Barbosa “seja muito feliz em outra seara”, mas disse não ter “a menor ideia” de que caminho o colega irá seguir. “Quanto às eleições que se avizinham, ele não pode mais se filiar a nenhum partido porque o prazo já se encerrou. Não sei se ele pensa em ser político, conferencista ou outra coisa.”