Topo

Congresso proíbe entrada de manifestantes; PM dispara gás de pimenta

Leandro Prazeres

Do UOL, em Brasília

03/12/2014 10h56Atualizada em 03/12/2014 15h09

A Polícia Legislativa do Congresso Nacional proibiu a entrada de manifestantes nesta quarta-feira (3) após o tumulto da sessão de terça.

Nesta manhã, cerca de 50 pessoas continuavam protestando do lado de fora do Congresso, com faixas com dizeres com "contra o mensalão oficializado", "Cuba não é aqui" e "não à irresponsabilidade fiscal". Às 14h, os manifestantes continuavam no local, com apitos e cartazes.

Houve tumulto na chegada do senador Aécio Neves (PSDB-MG) ao Congresso. Ele foi ovacionado pelos manifestantes. Em meio ao empurra-empurra, gás de pimenta foi disparado no local, mas ainda não é possível dizer quem usou o artefato. Segundo o coordenador da operação de segurança da PM do DF no local, capitão Edson Gondim, o disparo de gás de pimenta foi acidental.

Além do acesso bloqueado, há cerca de 28 homens da Polícia Militar do Distrito Federal reforçando a segurança do Congresso e mais dois ônibus de prontidão do lado de fora.

Por volta das 10h, começou a sessão do Congresso convocada para a votação de dois vetos e do PLN 36/2014, que altera a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) para retirar a meta de superavit do governo para este ano. As galerias permanecem fechadas.

A oposição obstruiu a votação dos vetos, que antecede a análise do projeto de meta fiscal.

Em discurso no plenário, Aécio acusou a presidente Dilma Rousseff (PT) de comprar parlamentares. "Hoje a presidente coloca de cócoras o Congresso a estabelecer que cada parlamentar aqui tem um preço. Fala-se em R$ 748 mil. Essa é uma violência jamais vista nessa Casa", disse.

Reveja o tumulto na sessão do Congresso de terça-feira

"Vim quebrar o pau"

No dia seguinte à tumultuada sessão do Congresso Nacional que teve até pancadaria, a administradora Ruth Gomes de Sá, 79, voltou ao local na manhã desta quarta-feira (3) e disse não querer virar "celebridade". No entanto, ela foi parada por alguns transeuntes para tirar foto e deu mais de 15 entrevistas. Questionada sobre por que voltou ao Congresso hoje, Ruth disse: "vim quebrar o pau aí".

Ontem, Ruth foi agarrada por um agente do Senado, que lhe deu uma gravata. A mulher gritou, se livrou e enfiou as unhas no policial. Depois, outro segurança lhe deu uma rasteira. Seguranças do Senado e um grupo de cerca de 30 pessoas que se manifestavam nas galerias contra a votação do projeto que flexibiliza o ajuste fiscal levou à suspensão da sessão que analisaria a proposta. Deputados da oposição tentaram proteger o grupo. 

Do lado de fora do Congresso, Maria Ester Lemos de Andrade, 51, arquiteta, participava de apitaço nesta manhã. "Estou aqui pra evitar que esse país vire uma ditadura", disse. A arquiteta viu as imagens da confusão de ontem na televisão e decidiu participar da manifestação hoje.

O deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) foi ao encontro dos manifestantes e foi saudado com gritos de "Bolsonaro, guerreiro, orgulho brasileiro". Ele criticou o governo por reprimir o protesto: "Isso aqui é a ditadura do PT. Se fossem marginais do MST, o PT tinha colocado para dentro."

Por volta das 12h30, um grupo de índios também chegou ao Congresso e foi para o espelho d'água.