Mais pacificador que reconciliação é justiça, diz irmã de vítima após relatório
Familiares de vítimas da ditadura militar tiveram reações diversas em relação ao final dos trabalhos da CNV (Comissão Nacional da Verdade). A comissão, que entregou o seu relatório final à presidente Dilma Rousseff (PT) nesta quarta-feira (10), apurou violações de direitos humanos cometidas durante o regime militar.
Eliana de Castro é irmã do militante Teodoro de Castro, conhecido como Raul e que desapareceu durante o episódio conhecido como Guerrilha do Araguaia. Ela participou da cerimônia de entrega do relatório da CNV à presidente Dilma, mas disse não se sentir “à vontade” com o final dos trabalhos da comissão.
“Eu não me sinto à vontade, não. Em primeiro lugar, porque eu ainda não conheço o relatório e, em segundo lugar, porque os desaparecidos continuam desaparecidos. Pra mim, pessoalmente, ainda não tem o que celebrar”, diz.
Oficialmente, a Guerrilha no Araguaia, ocorrida em meados dos anos 70 na região do vale do rio Araguaia, na divisa entre Tocantins e Pará, deixou 69 pessoas desaparecidas. Em mais de dois anos de trabalho, a CNV só conseguiu atestar a localização de três desaparecidos políticos.
Maria Cristina Vanucchi Leme, irmã do estudante Alexandre Vannucchi Leme, morto em 1973 durante a Operação Bandeirantes, diz estar satisfeita com o final dos trabalhos da comissão, mas que espera que o relatório possa ser o primeiro passo para um processo de responsabilização dos autores de violações cometidas durante a ditadura.
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- http://noticias.uol.com.br/enquetes/2014/12/09/o-brasil-deve-punir-quem-cometeu-crimes-na-ditadura.js
“Estou esperançosa que as recomendações levem a um processo que resulte em justiça. Reconciliação é importante, mas mais pacificador que a reconciliação é a justiça”, afirmou.
A cerimônia de entrega do relatório do grupo à presidente Dilma foi marcada pela emoção e por gritos de protesto. Antes do discurso da presidente, um dos presentes gritou: "Punição aos assassinos e torturadores desse país". Dilma, que foi presa e torturada durante a ditadura militar, chorou ao discursar para uma plateia repleta de familiares de mortos e desaparecidos políticos.
"Disse que o Brasil merecia a verdade, que as novas gerações mereciam a verdade, sobretudo,mereciam a verdade aqueles qeu perderam, familiares parentes,amigos, companheiros, e que continuam sofrendo...(choro) continuam sofrendo como se eles morressem de novo e sempre a cada dia", disse.
Clique aqui para acessar o relatório final da Comissão Nacional da Verdade na íntegra
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