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Após atos, governo diz que país está longe de golpismo e promete medidas

Do UOL, em São Paulo

15/03/2015 19h17

Após os protestos contra a presidente Dilma Rousseff, que reuniram mais de 1,8 milhão de pessoas por todo o país neste domingo (15), segundo dados da Polícia Militar dos Estados, o governo disse que o Brasil está longe do golpismo e prometeu lançar nos próximos dias medidas de combate à corrupção e à impunidade.

"O Brasil está muito longe de golpismos. A expressão efetiva da manifestação democrática de hoje e de todas as outras que ocorreram ao logo desses dias revelam exatamente isso", disse o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, em entrevista coletiva convocada durante a tarde e realizada no início da noite. 

Durante o pronunciamento oficial do governo, foram registrados panelaços em São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e Belo Horizonte (MG). 

Os atos, segundo ele, comprovam o "desejo de todos os brasileiros de combater a corrupção e a impunidade". Cardozo disse que o governo também está engajado neste propósito e deve anunciar em breve um conjunto de medidas contra a corrupção, mas sem dar detalhes. 

A proposta, de acordo com o ministro, será enviada para o Congresso antes do prazo prometido pela presidente Dilma durante campanha eleitoral, que era de seis meses. "Há questões que exigem um pacto entre poderes distintos", disse Cardoso ao justificar o porquê as medidas não foram tomadas antes. 

As ações do governo nessa área, como apontou o ministro, não se encerram com a divulgação das medidas. "Estamos abertos a ouvir propostas seja de quem defende o atual governo, seja de quem o critica." 

Cardozo disse ainda ser "indiscutível" a necessidade de uma mudança no atual sistema político-eleitoral.  "É a porta de entrada principal para a corrupção", declarou  ele, que voltou a enfatizar a posição do governo a favor de uma reforma política. "Não é mais possível financiamento empresarial de campanhas."

O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Miguel Rossetto, que também participou da entrevista, disse que há uma "inquietude" entre a população devido ao tempo entre o surgimento de denúncias de corrupção na Petrobras e o julgamento das denúncias. "Ao mesmo tempo em que a sociedade aguarda o julgamento dos casos denunciados, também espera que sejam votadas normas que interrompam esse processo", declarou. 

"Esse governo combate a corrupção. O Executivo corrige erros, quem julga são as polícias e o Poder Judiciário", acrescentou.

"Protestos daqueles que não votaram na Dilma"

Tanto Rossetto como Cardoso classificaram os protestos como "legítimos". O ministro da Secretaria-Geral da Presidência disse, no entanto, que os atos partiram majoritariamente de um setor crítico ao governo Dilma Rousseff e que não votou na presidente.

"As manifestações contrárias ao governo são legítimas. O que não é legítimo é o golpismo, a intolerância, o impeachment infundado que a agride a democracia", relatou ele, ao se referir indiretamente a uma das principais reivindicações dos manifestantes.

Em um tom mais ameno, Cardoso ressaltou que o governo atua em favor de todos os brasileiros, "dos que votaram ou não na presidente". "O governo respeita as divergências para que possa encontrar a melhor solução para todo o país e todos os brasileiros. Não há democracia sem diálogo. Não há democracia sem tolerância de posições."