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Peemedebista diz ter sido ameaçado em votação na Câmara; deputado nega

Deputados peemedebistas de Santa Catarina envolveram-se em polêmica na primeira votação da PEC da redução da maioridade penal, na madrugada desta quarta-feira (1º) - Arte/UOL
Deputados peemedebistas de Santa Catarina envolveram-se em polêmica na primeira votação da PEC da redução da maioridade penal, na madrugada desta quarta-feira (1º) Imagem: Arte/UOL

André Carvalho

Do UOL, em São Paulo

02/07/2015 20h56

Um dos 24 deputados “vira-casacas” que ajudaram a aprovar a redução da maioridade penal de 18 para 16 anos para crimes hediondos, homicídio doloso e lesão corporal seguida de morte na Câmara dos Deputados na madrugada desta quinta-feira (2), Celso Maldaner (PMDB-SC), relatou ao UOL ter sido ameaçado por Valdir Colattto (PMDB-SC) após votar contra a aprovação da PEC 171/93 na votação ocorrida na madrugada desta quarta (1º). O deputado, no entanto, minimizou o incidente na mudança de posição na votação posterior, ocorrida um dia depois. “Isso não influenciou nada no meu voto”, garantiu.

“Ele [Valdir Colatto] disse que ia mandar os bandidos de 16 e 17 anos para invadir minha residência em Santa Catarina”, afirmou Maldaner, completando que por pouco não chegou “às vias de fato” com o deputado. O parlamentar disse que cogitou entrar com uma representação por quebra de decoro parlamentar, mas foi desestimulado pela “turma do ‘deixa-disso’”.

Questionado pela reportagem do UOL sobre a denúncia, Valdir Colatto, integrante da chamada "bancada da bala", negou que tenha ameaçado Maldaner. “Ele está tentando achar uma muleta para justificar a falta de posição dele”, afirmou, aproveitando para atacar o correligionário: “Esse cara é conhecido na Câmara como ‘biruta de aeroporto’, que muda de ideia a cada ponto. Ele fala uma coisa aqui e decide outra lá. Ele votou na primeira vez contra, apanhou muito nas redes sociais, e deve ter sido pressionado por alguém. Ele está achando uma desculpa”.

Para Colatto, há diferenças políticas entre eles, existentes dentro do âmbito da política regional, já que ambos integram o mesmo partido e são do mesmo estado. “Todo mundo sabe das nossas disputas. É disputa política, não tem nada pessoal. As nossas discussões são em cima disso, não tem nada de voto. Ele vota do jeito que quer e eu voto do jeito que eu quero”, disse.

Maldaner minimizou ameaça

Ao minimizar, nesta quinta-feira, as ameaças sofridas por Colatto, Maldaner disse que mudou de opinião na segunda votação por concordar com a nova proposta da PEC, segundo ele, “mais específica”. “Eu não senti na minha consciência para votar a favor do primeiro projeto, mas já havia dito que para crime hediondo eu era a favor [da redução]”, frisou o parlamentar.

No discurso que justificou a mudança de voto, em que citou as ameaças recebidas, Maldaner disse que acreditava que a redução da maioridade penal “não era a solução” para a criminalidade, apesar dado voto favorável a à Proposta de Emenda Constitucional. “Eu acho que a solução é a formação familiar e a educação. Se os pais não têm condição, ter escola integral, investir mais na educação”, disse ao UOL.

Questionado se não havia contradição em sua vontade política de mudança da sociedade pela educação com o voto a favor da PEC 171/93, o deputado catarinense resignou-se: “Eu não comemorei nada, foi uma noite muito triste”.