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Lula defende votação do ajuste fiscal e critica pedidos de impeachment

Felipe Amorim

Do UOL, em Brasília

29/10/2015 12h14

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quinta-feira (29) que a “prioridade zero” do PT no Congresso Nacional deve ser aprovar as medidas de ajuste fiscal enviadas pelo governo da presidente Dilma Rousseff (PT).

“Qual é a prioridade zero do nosso partido no Congresso Nacional hoje? É a gente criar condições para aprovar as medidas que a presidenta Dilma mandou para o Congresso Nacional para que ela encerre definitivamente essa ideia do ajuste [fiscal], para que a gente possa ver a economia voltar a crescer”, disse Lula. “Sem a conclusão desse ajuste, ficamos numa confusão política muito grande”, afirmou.

O ex-presidente disse ainda que hoje é mais difícil costurar acordos políticos no Legislativo pois os líderes partidários não têm o mesmo controle sobre suas bancadas. Lula citou ainda a influência do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), sobre um grupo suprapartidário de deputados como elemento que dificulta o consenso.

O governo tem sofrido derrotas sucessivas na Câmara, sem conseguir pautar votações importantes para o ajuste da economia.

O petista também defendeu o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, alvo de críticas do próprio PT. "Eu fico vendo os companheiros gritarem fora Levy com a mesma facilidade que gritava fora FMI, e não é a mesma coisa. Importante lembrar que o programa de ajuste estava feito antes do Levy".

O presidente do PT, Rui Falcão, afirmou em entrevista à "Folha de S.Paulo", que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, deveria ser substituído caso não concorde com uma eventual mudança de rumo na economia determinada pela presidente. 

No mesmo dia, Dilma rebateu as declarações do dirigente de seu partido, afirmando que a opinião do PT não é a do governo e que o ministro permanece no cargo.

O Diretório Nacional discute nesta quinta-feira a aprovação de resolução com a visão do PT sobre a conjuntura política e econômica. O documento deve pedir mudanças na política econômica do governo Dilma Rousseff, como a ampliação do crédito para investimento e consumo e a redução da taxa de juros. 

Impeachment

A defesa do governo contra os pedidos de impeachment da presidente Dilma apresentados pela oposição foi citada por Lula como a segunda prioridade do PT. “Nós não temos o direito de permitir que se discuta impeachment da forma que se quer discutir: sem nenhuma base legal e sem nenhuma razão”, disse. "Se a moda pega, qualquer um que perca a eleição entra com pedido de impeachment."

Lula discursou na abertura da reunião do Diretório Nacional do PT, realizado nesta quinta-feira (29), em Brasília. O ex-presidente foi recebido por gritos de “Lula, guerreiro, do povo brasileiro” e os presentes cantaram “Parabéns pra você”. Lula completou 70 anos na última terça-feira.

O encontro deve aprovar um documento que trará a defesa do ex-presidente face às investigações do Ministério Público e da Polícia Federal que apontaram suspeitas de irregularidades envolvendo familiares do ex-presidente.

Esta semana um dos filhos de Lula, o empresário Luís Cláudio, teve seu escritório revistado por mandado de busca e apreensão expedido para a operação Zelotes, que investiga um esquema de pagamento de propina a integrantes do Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais) para reverter anular multas tributárias. 

A empresa de Luís Cláudio é suspeita de ter recebido repasses da Marcondes e Mautoni, empresa de lobby investigada por ter atuado na aprovação da medida provisória que prorrogou a isenção de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para a indústria automobilística.

O advogado de Luís Cláudio diz que o pagamento se refere a serviços de marketing esportivo, área de atuação da empresa.