Erundina vê risco na polarização política: "é tudo poder pelo poder"
A deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP) alertou nesta sexta-feira (4) para os riscos institucionais do aprofundamento da polarização política no Brasil e defendeu a necessidade de pacto social. "Há risco porque não há rumo, nem perspectiva. Nem por parte do governo nem por parte da oposição. É tudo poder pelo poder."
Uma possível solução, na opinião dela, seria de natureza "política e suprapartidária, porque os partidos já não significam mais nada". Para Erundina, "o governo Dilma não tem legitimidade" para enfrentar as crises e será preciso reunir quem pense de fato o país para encontrar saídas. "O país está derretendo", observou, citando as crises econômica, política e de saúde pública, com as ameaças do Aedes aegypti.
A deputada vê gravidade extra no momento porque a sociedade civil não teria o mesmo grau de envolvimento e participação política de tempos, como o da ditadura militar (1964-1985), e seria, por isso, mais facilmente transformada em massa de manobra.
Demonstração de força desnecessária
Erundina se disse a favor das apurações da Lava Jato, mas avaliou como "uma demonstração de força desnecessária" a condução coercitiva desta sexta-feira do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). "Isso resulta no acirramento dos lados em disputa. É preciso mais maturidade e responsabilidade, investigar, mas sem excessos", defendeu, referindo-se à atuação dos promotores da República empenhados na operação e do juiz Sergio Moro, da Justiça Federal em Curitiba.
A deputada cobrou de Lula uma postura responsável, pedindo que ele não contribua para um enfrentamento que teria consequências imprevisíveis e perigosas. Para Erundina, se Lula está sendo acusado na Justiça de ser beneficiário de desvios de recursos, que ele utilize todo o aparato legal disponível para se defender e provar a sua inocência. Erundina avalia que Lula precisa trabalhar para recuperar sua reputação e capacidade de liderança, hoje corroídas.
Erundina defendeu ainda a investigação a fundo das denúncias apresentadas na delação premiada do senador Delcídio do Amaral (PT-MS), que vazou parcialmente na quinta-feira (3). "As denúncias são de uma gravidade muito grande. É de um líder do governo que falou ter sido instrumento de manobras", analisou. "Mas a investigação precisa ter a preocupação de não acirrar ainda mais os ânimos."
Esse cuidado, disse a deputada, também precisa ser adotado pela imprensa. Informar, sim, mas sem ser mais um partido político irresponsável.
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