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Estou pagando o preço por ter livrado o Brasil do PT, diz Eduardo Cunha

UOL Notícias

Felipe Amorim

Do UOL, em Brasília

12/09/2016 21h39Atualizada em 13/09/2016 00h01

Ao apresentar sua defesa na Câmara no processo de cassação de seu mandato, o deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) afirmou que “paga o preço” por ter dado início ao processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT)

“Eu estou pagando o preço de ter meu mandato cassado por ter dado continuidade ao processo de impeachment. É o preço que estou pagando para Brasil ter ficado livre do PT”, afirmou o peemedebista.

“É esse processo de impeachment é que está gerando tudo isso. O que quer o PT é um troféu para poder dizer que é golpe”, disse Cunha. “Alguém tem dúvida que se não fosse minha atuação, teria processo de impeachment”, perguntou retoricamente o deputado.

No ano passado, Cunha foi o responsável por aceitar o pedido de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), que acabou deixando a Presidência em definitivo no último dia 31.

Cunha falou por pouco mais de meia hora na sessão desta segunda-feira (12), que analisa o pedido de cassação dele. 

O deputado demonstrou emoção em alguns momentos e chegou a falar com a voz embargada, como quando, já ao final de sua fala, citou que sua cassação representaria o fim de sua carreira política e quando mencionou a exposição da sua família provocada pelo processo contra ele. 

Antes de iniciar sua fala, o deputado ouviu gritos isolados de "fora, Cunha" no plenário da Câmara. Sua fala foi interrompida diversas vezes por manifestações de deputados favoráveis à sua cassação. Enquanto Cunha falava, deputados do PT gritavam palavras de ordem contra ele, chamando-o de "golpista".

Trusts

Cunha voltou a afirmar que não mentiu na CPI da Petrobras quando afirmou não possuir contas no exterior. Segundo Cunha, ele possui trusts, que são um tipo de investimento no qual a titularidade dos bens é de terceiros e não se assemelha a uma conta corrente, que dá mais liberdade na movimentação de recursos.

Apesar de confirmar possuir trusts, Cunha defende que não houve mentira, pois a pergunta que lhe foi feita na CPI citava apenas contas no exterior.
“A pergunta que me foi feita na CPI é se tinha conta não declarada [no exterior]. Eu quero saber: cadê a conta? Qual o número da conta? Conta é aquilo que você tem no Banco do Brasil e saca dinheiro, tem talão de cheque. Que conta é essa que você não consegue movimentá-la, que você não consegue acessá-la? O que é o trust: é uma instituição que você transfere o patrimônio, e patrimônio que eu tinha adquirido há muitos anos.”

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Entenda a sessão

O primeiro a falar foi o relator do processo de cassação no Conselho de Ética da Câmara, deputado Marcos Rogério (DEM-RO). "O caso Eduardo Cunha é o escândalo mais emblemático já visto por esse Parlamento, seja pela gravidade dos fatos seja pelo cargo ocupado", afirmou o relator ao pedir a cassação. 

Em seguida, a palavra foi aberta à defesa. O advogado de Cunha, Marcelo Nobre, disse que o processo é um "linchamento" e pediu a absolvição. "O que vemos nesta casa hoje é uma guilhotina posta em cima da mesa. Uma guilhotina com nome e sobrenome. Chama-se precedente de linchamento", afirmou Nobre.

Após as manifestações, começará a votação, que será por meio do sistema eletrônico da Câmara e aberta, ou seja, será possível saber como cada deputado votou. 

Dos 513 deputados, apenas 511 votarão. Cunha, afastado, não vota. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, só poderá votar em caso de empate. Para que o peemedebista seja cassado, são necessários 257 votos a favor da perda de mandato.

O processo contra Cunha no Conselho de Ética acusa o deputado de ter mentido à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Petrobras, em março de 2015, ao afirmar não possuir contas no exterior. A defesa de Cunha afirma que ele não possui contas, mas um tipo de investimento chamado trust, no qual a titularidade dos bens não é do deputado, mas de terceiros que administram os valores.

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