O dia seguinte ao protesto na Esplanada tem rastros de depredação e faxina
Após reunir 10 mil manifestantes contra a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) 55, a Esplanada dos Ministérios acordou nesta quarta-feira (30) com rastros de destruição. A legislação que limita os gastos do governo pelos próximos 20 anos foi aprovada em primeira votação na noite de ontem --agora, vai a nova votação, também no Senado.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, foram 27 placas de sinalização arrancadas e amassadas, cinco paradas de ônibus quebradas, diversos cones e cavaletes queimados, um controlador de velocidade danificado e dois veículos queimados. Foram quebradas ainda as vidraças de uma agência bancária. Ainda não há como calcular o prejuízo total em Brasília, informa a secretaria.
A polícia registrou depredações em prédios de 14 ministérios: Educação, Desenvolvimento, Esporte, Cultura, Meio Ambiente, Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Integração Social, Ciência, Tecnologia e Inovação, Comunicações, Transportes, Indústria, Comércio Exterior e Serviços e Aeronáutica.
Estudantes com bandeiras e camisetas da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) invadiram o local com pedras e materiais cortantes, segundo relatos ouvidos pela reportagem. O térreo do prédio ficou completamente destruído. Os estilhaços de vidros de portas e mesas quebradas ainda permanecem no chão.
Durante o ato, quatro pessoas foram conduzidas à delegacia, mas todas já haviam sido liberadas na manhã desta quarta. O Corpo de Bombeiros registrou 40 atendimentos e 164 ocorrências, todos os casos sem gravidade, segundo a corporação.
Ainda conforme o balanço da secretaria, dois policiais foram feridos --um levou uma facada no ombro direito e outro uma pedrada na cabeça. Eles seguem internados, mas não correm perigo.
Confusão
De acordo com o coronel Pontes, da Polícia Militar, a corporação e os manifestantes entraram em confronto depois que um grupo virou alguns veículos que estavam parados na lateral da Esplanada. Um deles pertence à TV Record.
Ainda segundo a PM, os policiais utilizaram dispararam bombas de efeito moral e de gás lacrimogêneo em uma atuação dentro dos padrões técnicos para o enfrentamento desse tipo de situação, com a intenção de preservar o patrimônio e a segurança das pessoas.
“Temos que dividir o movimento de ontem em duas partes. A primeira, que podemos chamar de manifestação, ocorreu de modo pacifico. Foi quando, por volta das 17h, um grupo de pessoas de modo deliberado, já no gramado do Congresso Nacional, e sem nenhuma tensão com a polícia resolveu virar um veículo da TV Record, tentou furar seu tanque de combustível para atear fogo e fez o lançamento de três artefatos explosivos caseiros contra a tropa. Essa última situação não podemos classificar de manifestação e, sim, de baderna e foi quando a Polícia Militar atuou”, explica.
De acordo com o Governo do Distrito Federal, as investigações de danos ao patrimônio e ações violentas serão feitas a partir das imagens em posse dos órgãos de segurança. O governo também ressalta que repudia os atos de ‘’vandalismo’’ e de ‘’barbárie’’ cometidos ao Congresso Nacional e na Esplanada dos Ministérios.
“Destruir o patrimônio público, desrespeitar as instituições e agir com vandalismo não é, de modo algum, postura de quem quer se manifestar democraticamente. A Constituição garante o livre direito à manifestação, que deve ser preservado por todos os democratas. A violência política é inaceitável e deve ser combatida”, disse também por meio de nota.
A UNE (União Nacional dos Estudantes), uma das entidades que organizou o protesto, discorda da visão da polícia. Em nota, afirmou que o ato foi "pacífico, democrático e livre contra a PEC 55". Os estudantes se disseram "perplexos" com a atuação da polícia por "jogar bombas de efeito moral, gás de pimenta, cavalaria e balas de borracha contra a estudantes, alguns menores de idade, que protestam pacificamente".
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