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Lava Jato: subsecretário de Cabral comprou Mercedes e pagou cartão da mulher com propina do metrô

Denúncia diz que ex-subsecretário de Cabral usou dinheiro de propina até para pagar escola dos filhos - Divulgação
Denúncia diz que ex-subsecretário de Cabral usou dinheiro de propina até para pagar escola dos filhos Imagem: Divulgação

Do UOL, no Rio

19/04/2017 11h57Atualizada em 19/04/2017 11h57

O MPF (Ministério Público Federal) denunciou à Justiça Luiz Carlos Velloso, ex-subsecretário de Transportes de Sérgio Cabral e ex-subsecretário de Turismo do governador Luiz Fernando Pezão, e Heitor Lopes de Sousa Júnior, ex-diretor de Engenharia da RioTrilhos, por lavagem de dinheiro referente a vantagens indevidas recebidas nos contratos para a construção da linha 4 do metrô do Rio de Janeiro. Também foram denunciados por lavagem de dinheiro a companheira de Velloso, Renata Monteiro, e o irmão dele, Juscelino Gil Velloso.

As denúncias decorrem da Operação Tolypeutes, realizada no âmbito das investigações conduzidas pela força-tarefa da Lava Jato no Rio de Janeiro. Velloso e Lopes foram presos em março passado.
 
Os procuradores afirmam que o recebimento de vantagem indevida começou em meados de 2002 por meio de pagamento de funcionário da Carioca Engenharia. Segundo a denúncia, os pagamentos variavam de R$ 150 mil a R$ 200 mil.
 
A força-tarefa sustenta que o dinheiro ilícito foi usado para pagar a escola dos filhos de Velloso, o cartão de crédito da mulher dele e a compra de uma Mercedes.
 
Segundo os procuradores, investigações comprovaram que o esquema de corrupção na Secretaria de Estado de Obras do Rio de Janeiro, envolvendo cobrança de propina das empreiteiras com contratos bilionários de obras civis, repetia-se na Secretaria Estadual de Transporte e na Riotrilhos (Companhia de Transportes sobre Trilhos do Estado do Rio de Janeiro), especificamente no contrato de construção da linha 4 do metrô. 
 
“Afigura-se evidente que a organização criminosa, capitaneada por Sérgio Cabral durante sua gestão no Estado do Rio de Janeiro, esteve presente em várias secretarias do Estado”, dizem nas denúncias os procuradores.
 
A denúncia de Luiz Carlos Velloso narra quatro tipos de lavagem de dinheiro: 
 
1) 3 pagamentos em dinheiro, no valor de R$ 68.376,60, por serviços educacionais de seus filhos
2) 69 pagamentos em dinheiro, no valor de R$ 600.479,25, de cartões de crédito de sua esposa
3) 182 depósitos em dinheiro, no valor de R$ 285.002,11, na conta de sua esposa
4) compra de automóvel Mercedes Benz C180, pelo valor de R$ 125 mil, em nome da empresa de seu irmão
 
Nos termos da denúncia, Heitor Lopes de Souza Júnior praticou atos de lavagem de dinheiro de três formas distintas: 
 
1) 19 depósitos em dinheiro, no valor total de R$ 174 mil, na conta da empresa Arqline Arquitetura e Consultoria - EPP, da qual é sócio;
2) 32 transações financeiras, no valor total de R$ 5.306.460,00, entre a empresa MC Link Engenharia LTDA, subcontratada do consórcio que construiu a linha 4 do metrô, e a Arqline Arquitetura e Consultoria - EPP;
3) 139 operações financeiras, no valor total de R$ 30.710.419,05, envolvendo a empresa Arqmetro Arquitetura e Consultoria, da qual era sócio oculto;
 
O MPF pede as prisões preventivas de Heitor Lopes e Luiz Velloso sejam mantidas, tendo em vista que grande parte dos recursos pagos a título de propina ainda não foi localizada. 
 
A reportagem do UOL não conseguiu, até a publicação desta reportagem, contato com as defesas de Velloso e de seus parentes assim como de Heitor Lopes.