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Lula diz não ter conhecimento de influência de Cunha no FI-FGTS

10.jun.2017 - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no diretório paulista do PT ao lado da presidente nacional do partido, Gleisi Hoffmann (PT-PR) - Renato S. Cerqueira/Futura Press/Estadão Conteúdo
10.jun.2017 - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no diretório paulista do PT ao lado da presidente nacional do partido, Gleisi Hoffmann (PT-PR) Imagem: Renato S. Cerqueira/Futura Press/Estadão Conteúdo

Felipe Amorim

Do UOL, em Brasília

04/07/2017 16h29Atualizada em 04/07/2017 16h36

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi ouvido nesta terça-feira (4) como testemunha no processo que acusa o ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e o ex-ministro Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) de participarem de um esquema de corrupção na Caixa Econômica Federal para liberação de recursos do FI-FGTS, fundo de investimento estatal.
Lula foi convocado como testemunha pela defesa de Cunha.

O advogado de Cunha perguntou ao ex-presidente se ele teve conhecimento da participação de Michel Temer na indicação de Moreira Franco para comandar uma das vice-presidências da Caixa em 2007, durante o segundo mandato do petista.

Lula respondeu que não houve atuação ou pedido específico de Temer para a nomeação de Moreira Franco, apesar de a indicação ter partido do partido do PMDB, partido do atual presidente da República.

Segundo Lula, a nomeação de Moreira Franco no cargo seguiu o rito de todas as indicações do tipo, como o nome do indicado sendo submetido à avaliação do Ministério da Fazenda e ao conselho da Caixa Econômica.

Moreira Franco, atual ministro da Secretaria-Geral da Presidência, não é investigado neste processo.

Respondendo a pergunta da defesa de Cunha, Lula negou ter conhecimento de interferência do ex-deputado nos negócios do FI-FGTS, criado no governo do petista. Lula também afirmou não ter conhecimento do suposto esquema de propina montado por Cunha na gestão do fundo, segundo a denúncia do MPF.

O ex-presidente foi monossilábico ao dar as respostas. "Não", disse Lula a essas duas perguntas da defesa de Cunha.

Lula também disse não se recordar de Temer ter levado Moreira Franco para uma audiência com ele, com o objetivo de comunicar a saída de Moreira da Caixa e agradecer pela nomeação. “Não [me recordo]. Aliás nunca agradeceram. Acho que foram ingratos”, disse Lula.

Ao responder às perguntas do procurador da República Anselmo Henrique Cordeiro Lopes, Lula afirmou não saber o motivo de a Odebrecht ter recebido, segundo o procurador, uma quantidade maior de financiamentos do FI-FGTS.

O ex-presidente não é investigado nesse processo, e prestou depoimento apenas porque foi convocado pelos advogados de Cunha.

Marcelo Odebrecht também foi ouvido

Nesta terça-feira, também foi ouvido como testemunha nesse processo o ex-presidente da empreiteira Odebrecht, Marcelo Odebrecht.

O ex-executivo e agora delator na Operação Lava Jato afirmou ter conhecimento de que o presidente Michel Temer (PMDB) fazia parte do grupo de aliados mais próximos de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e Henrique Alves (PMDB-RN) na Câmara dos Deputados.

Marcelo foi ouvido como testemunha convocada pela defesa do corretor Lúcio Funaro.

“Cláudio [Melo Filho] dizia pra mim que Michel Temer fazia parte desse grupo”, disse Marcelo, respondendo à pergunta de procurador da República Anselmo Henrique Cordeiro Lopes sobre se o ex-executivo tinha conhecimento de quem integrava o grupo de Cunha e Eduardo Alves na Câmara.Segundo Marcelo, ele obteve essa informação do então executivo Cláudio Melo Filho, responsável pelas relações da empreiteira com o mundo político de Brasília. Marcelo não relatou conhecimento de nenhuma iregularidade praticada por Temer no âmbito do FI-FGTS.

A denúncia contra Cunha e Alves teve como base as investigações da Operação Sepsis. Segundo o MPF (Ministério Público Federal), entre os anos de 2011 e 2015, o então deputado Eduardo Cunha atuou em um esquema de cobrança de propina a empresas beneficiadas pela Caixa Econômica Federal e ao FI-FGTS.

O esquema teria contado com a participação de Fábio Cleto, ex-vice-presidente de Loterias da Caixa Econômica Federal que posteriormente assinou um acordo de delação premiada.