"Nunca acreditei que ele fosse me absolver", diz Lula sobre sentença de Moro
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, neste sábado (15), nunca ter acreditado que o juiz federal Sérgio Moro fosse absolvê-lo na ação penal sobre o apartamento tríplex no Guarujá (SP). Lula foi condenado na última quarta-feira (12) a nove anos e seis meses de prisão em regime fechado pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Ele pode recorrer em liberdade.
Nunca acreditei que ele fosse me absolver. Eu discutia com os meus advogados: 'vocês estão me defendendo juridicamente e ele está me julgando politicamente. Eles não estão julgando o Lula pessoalmente, estão julgando o nosso governo, as coisas que fizemos nesse país.
A afirmação foi feita em um discurso durante a posse da nova diretoria do PT em Diadema, na Grande São Paulo.
Lula disse, ainda, que Moro não deu a sentença "só para me prejudicar", mas que ao condená-lo estaria prestando contas à imprensa.
"Descobri no depoimento que eu fiz que não tinha saída. Estão tão prisioneiros da imprensa, tão subordinados a prestar contas à imprensa, que vocês viram que no meu depoimento para o Moro disse que não tinha como me absolver porque a imprensa ia comer ele. Ele não fez a sentença só para me prejudicar, estava prestando contas a quem os criou, que foi a imprensa brasileira que fortaleceu as mentiras contadas sobre mim", disse.
O ex-presidente afirmou também que, se não fosse condenado, o "golpe não teria sentido".
"Se eles não me condenarem, o golpe não teria sentido. O golpe não fecha se eu não for condenado. Os caras tiveram a coragem de inventar uma mentira para tirar a Dilma. Tiraram a Dilma, elegeram o Temer sob a alegação de que a desgraça do Brasil era a Dilma e o PT. Passado um ano eles percebem que se nós éramos uma desgraça, o Temer é duas desgraças", afirmou.
Como eles deram um golpe na Dilma, para deixar o Lula voltar dois anos depois? A conta não fecha.
O ex-presidente disse que pedirá desculpas se Moro e o Ministério Público Federal provarem com documentos que o apartamento no Guarujá pertence a ele, e prometeu viajar pelo Brasil para que o povo o julgue.
"Se o Moro ou o Ministério Público provarem com um pedaço de papel, um contrato, uma assinatura, um pagamento, um cheiro meu naquele apartamento, eu peço desculpas a vocês e fico quieto. Mas, enquanto eles não provarem, eu vou andar por esse país para vocês me julgarem."
Sobre a crise econômica, Lula disse que sabe como fazer para o país voltar a crescer. "Se vocês quiserem que esse país volte a crescer e a ser respeitado, eu sei como fazer. Se vocês não sabem, deixem de destruir esse país", afirmou.
Aqueles que não gostam de mim, saibam que a punição que deram a mim não é nada diante da punição que deram ao povo brasileiro.
A sentença de Moro
A sentença dada por Sérgio Moro foi baseada na suposta propriedade do apartamento 164-A, no condomínio Solaris, no Guarujá (litoral de São Paulo). As reformas feitas no imóvel pela construtora OAS foram colocadas por Moro como principal prova de benefício de Lula pela empresa. O ex-presidente, no entanto, não tem escritura do imóvel em seu nome, e sim uma carta de intenção e um documento sem assinatura.
"Não se está, enfim, discutindo questões de direito civil, ou seja, a titularidade formal do imóvel, mas questão criminal, a caracterização ou não de crimes de corrupção e lavagem. Não se deve nunca esquecer que é de corrupção e lavagem de dinheiro do que se trata", diz Moro na sentença. O juiz determinou o confisco do tríplex.
O principal alicerce da condenação foram as declarações de Léo Pinheiro, que mudou seu depoimento em abril e disse que Lula seria o proprietário oculto do imóvel do Guarujá (SP). Pinheiro acusou o ex-presidente de ter mandado destruir as provas que o ligassem ao imóvel. Ao depoimento, Moro juntou notícias publicadas pela imprensa e depoimentos de possíveis inquilinos do ex-presidente.
O Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) será responsável por julgar, em segunda instância, a decisão do juiz Sérgio Moro. Segundo entendimento recente do STF (Supremo Tribunal Federal), a condenação em segundo grau é suficiente para determinar o cumprimento da pena. Lula espera em liberdade o recurso, já que Moro não pediu sua prisão imediata.
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