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"Essa festa parece ter acabado", diz aliado de Temer após anúncio de Janot contra JBS

Eventual nova denúncia contra Temer foi citada na Câmara após anúncio da PGR de rever o acordo de colaboração premiada da JBS - Ueslei Marcelino/Reuters
Eventual nova denúncia contra Temer foi citada na Câmara após anúncio da PGR de rever o acordo de colaboração premiada da JBS Imagem: Ueslei Marcelino/Reuters

Gustavo Maia

Do UOL, em Brasília

04/09/2017 21h40Atualizada em 04/09/2017 22h08

O anúncio do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, sobre a abertura de investigação para apurar a omissão de informações no acordo de colaboração premiada firmado por três dos sete delatores do grupo JBS, nesta segunda-feira (4), logo repercutiu na Câmara dos Deputados.

Em breve pronunciamento no plenário da Casa, o deputado Lelo Coimbra (PMDB-ES), líder da maioria na Câmara, declarou que esse fato ocorreu para mostrar que "essa festa parece ter acabado".

Sem citar nominalmente o presidente Michel Temer (PMDB), alvo de denúncia embasada na delação dos executivos, o peemedebista disse que o questionamento do acordo "cria um novo momento em relação a esse tema que ocupou a tribuna desta Casa por vários momentos e que, com certeza, ocupará por outros tantos".

Coimbra se referia à eventual segunda denúncia contra Temer, por suspeita de obstrução de justiça, que deverá ser apreciada pela Câmara, assim como a primeira, por corrupção passiva, que foi rejeitada pelos deputados no começo de agosto.

Também no plenário da Casa, o deputado Arthur Maia (PPS-BA), aliado do presidente, disse ter ouvido o pronunciamento de Janot de seu gabinete e cobrou "mais responsabilidade com as denúncias que são recebidas inclusive por esta Casa".

"É muito grave que essa delação que causou tanta instabilidade, tanto mal à nossa economia justamente, porque foi recebida com tanto açodamento numa maneira tão direta, voltada contra o presidente da República, neste momento venha a sofrer essa reviravolta", declarou Maia, que pediu aos colegas calma para julgar "qualquer consequência que venha a ter esse trabalho realizado pela Procuradoria-Geral da República".

Integrante da comitiva presidencial que está na China, o deputado Fábio Ramalho (PMDB-MG), que é primeiro-vice-presidente da Câmara, afirmou que Temer está "sereno" e, na opinião dele, "ninguém tem que comemorar em nenhum dos lados". "Eu sempre disse que uma delação tem que ser acompanhada de provas", declarou o deputado.

Oposição questiona suspeitas sobre STF

Um dos vice-líderes da minoria, o deputado Henrique Fontana (PT-RS) declarou que quer conhecer o novo áudio citado por Janot "porque, segundo as primeiras informações, ele pode envolver algum dos membros do Supremo Tribunal Federal (STF)".

"Mas por que eu venho à tribuna ainda com um grau de informações menor do que o que eu que terei nas próximas horas? É porque eu vou dizer desta tribuna sempre que nós não vamos aceitar a obstrução das investigações", completou o petista.

No momento da fala de Janot, os líderes partidários da Câmara participavam de reunião no gabinete da Presidência da Câmara, ocupada interinamente pelo deputado André Fufuca (PP-MA). Destacando que não teve tempo de ouvir o que o procurador-geral falou, ele afirmou que o assunto "cabe diretamente à PGR e ao Judiciário".

"A Câmara saberá se manifestar no momento em que tiver que haver a sua manifestação. O que houve foi uma citação do procurador em relação ao fato jurídico e não cabe à Câmara fazer citação com relação a isso", completou Fuufca.

Questionado sobre os efeitos da investigação na eventual segunda denúncia contra Temer, ele disse que ainda não há conhecimento na Casa sobre a "possível denúncia e qual o teor dela". "Eu só poderei afirmar se irá enfraquecer ou não a denúncia contra o presidente Michel quando tivermos conhecimento do que haverá de vir nela."