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Marina diz que não vai "canibalizar" votos de Lula e acena para partido de Barbosa

A pré-candidata à Presidência da República pela Rede Sustentabilidade, Marina Silva - Nacho Doce/Reuters
A pré-candidata à Presidência da República pela Rede Sustentabilidade, Marina Silva Imagem: Nacho Doce/Reuters

Mirthyani Bezerra

Do UOL, em São Paulo

17/04/2018 15h06Atualizada em 17/04/2018 16h09

A ex-senadora e pré-candidata à Presidência da República pela Rede, Marina Silva, afirmou na manhã desta terça-feira (17) que terá uma atitude de respeito com os “eleitores sofridos” do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e que não vai “canibalizar” os votos do petista. Ao comentar o resultado da última pesquisa do Datafolha divulgada no domingo (15), Marina disse que Lula está cumprindo uma pena em função dos erros que cometeu.

“Ter uma atitude de respeito significa que o eleitor do presidente Lula agora está sofrido em função do fato de que, agora, ele está cumprindo uma pena em função dos erros que cometeu. A atitude de respeito é de também não ficar canibalizando os votos dele, tratar no debate, que as pessoas possam se convencer de que aquilo que elas desejam é que se tenham políticas sociais que são justas”, disse.

Os números da pesquisa mostram que, em cenários sem Lula, as intenções de voto em Marina crescem, oscilando entre 15% e 16%, o que a faz ficar empatada tecnicamente com deputado federal Jair Bolsonaro (PSL-RJ) na liderança do pleito. Com Lula na disputa, Marina aparece em terceiro lugar, com 10%, atrás de Bolsonaro.

Apesar das estatísticas, Marina afirmou que não acredita em “voto do Lula, voto da Marina” e que é preciso parar de “privatizar” o voto das pessoas. “Eu não acredito nessa história de voto do PT, voto da Rede, voto do Lula, voto da Marina. É uma intenção que as pessoas manifestam, mas a gente tem que parar com essa mania de privatizar o voto das pessoas”, afirmou.

E acrescentou: “Não acredito em uma cesta de votos da Marina, do Aécio, outra do Lula, outra do Alckmin. O voto é livre e o que os cidadãos querem é saber ‘como vamos fazer para país voltar a crescer?'”. As declarações foram dadas a jornalistas após a pré-candidata participar de evento com investidores promovido pelo Santander, no Itaim-Bibi, zona oeste de São Paulo.

Sobre ter aparecido empatada em alguns dos cenários com Bolsonaro na liderança, Marina disse que não trabalhará para “desconstruir candidaturas” e que não entrará no “esgoto da polarização política”. “Não vamos trabalhar com qualquer forma de desconstrução de candidaturas. Nós rechaçamos qualquer forma autoritária de campanha, faremos o debate, mas às claras. Não vamos entrar no esgoto da polarização política”, definiu.

Aliança com Joaquim Barbosa?

Questionada sobre uma possível aliança com o PSB para a disputa do Palácio Planalto, Marina Silva, descartou, neste momento, ser vice em uma chapa com o ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Joaquim Barbosa, que se filiou ao PSB. "Continuamos o processo de diálogo, sem que isso implique necessariamente em abrir mão da candidatura", afirmou.

Marina falou apenas em conversar com os socialistas. “Eu saúdo a decisão dele de entrar para a política, acho que vai dar uma grande contribuição para o debate. Respeito a atitude do PSB que está fazendo debate interno se terá ou não candidatura, se liberará ou não os seus filiados ou se irá se posicionar junto com uma candidatura”, disse. “É momento do respeito e do diálogo fraterno”, finalizou.

Na última eleição presidencial, a ex-senadora era filiada ao PSB e disputou as eleições na chapa do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, que morreu naquele ano, vítima de um acidente aéreo. Após o acidente, Marina assumiu a cabeça de chapa.

Para 2018, o PSB hoje estuda se lançará ou não o ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Joaquim Barbosa à Presidência. O magistrado obteve resultado considerado positivo pelo partido na última pesquisa do Datafolha.

Pegar voo comercial e fazer brechó para se vestir

Marina Silva terá desafios durante a campanha eleitoral. A Rede perdeu dois deputados federais durante o período da janela partidária – quando políticos eleitos podem mudar de partido (de quatro para dois)--. Marina Silva não tem vaga garantida em debates no rádio e na TV, segundo a lei eleitoral.

Além disso, vai contar com uma fatia pequena do novo fundo criado para financiar as campanhas. Ela afirma que terá uma “campanha franciscana” e que acredita que as empresas irão convida-la para os debates.

“Vamos fazer uma campanha franciscana, literalmente, pegando voo de carreira às 4h, 5h da manhã, mais baratos. Usando da nossa criatividade. Até chamei minhas amigas para fazer um brechó para renovar o guarda-roupa da candidata”, afirmou.

Sobre a perda dos parlamentares e as consequências disso para a sua campanha, Marina disse que a lei faculta às empresas que convidem candidatos se os demais partidos não se opuserem. “A lei faculta que às empresas possam convidar os candidatos a seu critério, num cenário em que outros partidos não se imponham vetos”, disse.