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Em meio a cortes, Bolsonaro enaltece ensino militar e faz afago a Mourão

Gabriel Sabóia e Igor Mello

Do UOL, no Rio

06/05/2019 09h52

Em meio à polêmica de cortes nos orçamentos de universidades e institutos federais pelo Ministério da Educação, o presidente Jair Bolsonaro aproveitou uma solenidade no CMRJ (Colégio Militar do Rio de Janeiro) para exaltar as instituições de ensino mantidas pelas Forças Armadas. Ele destacou que "respeito, disciplina e amor à pátria" são fundamentos dessas instituições.

O presidente fez um discurso rápido, de cerca de cinco minutos, durante a solenidade em comemoração aos 130 anos do CMRJ. Para um público composto majoritariamente por militares, ele destacou o desempenho acadêmico da escola.

"O que tira um homem ou uma mulher de uma situação difícil que se encontra é o conhecimento. Os colégios militares são exemplo de ensino de excelência para a educação brasileira. Queremos mais crianças e jovens estudando nesses bancos escolares. Respeito, disciplina e amor à pátria são fundamentos importantes desses colégios", disse.

Enquanto a cerimônia ocorria, uma manifestação de alunos do Colégio Pedro II, rede de escolas federais com uma unidade vizinha ao CMRJ, e de outras instituições de ensino vinculadas ao Ministério da Educação mobilizava centenas de pessoas. Cânticos e buzinaço puderam ser ouvidos no interior do colégio.

6.mai.2019 - Homens do exército observam a manifestação de estudantes em frente ao Colégio Militar do Rio - Gabriel Sabóia/UOL - Gabriel Sabóia/UOL
Homens do exército observam a manifestação de estudantes em frente ao Colégio Militar do Rio
Imagem: Gabriel Sabóia/UOL

No discurso, o presidente também reiterou a promessa de construir um colégio militar em cada capital brasileira, feita por ele durante a campanha do ano passado. Segundo Bolsonaro, o governo já iniciou a implantação de uma unidade em São Paulo, que será a maior do país, na região do Campo de Marte.

Em sua fala, ele fez um afago ao vice-presidente Hamilton Mourão, também presente. "Vice-presidente, general Mourão, amigo dos momentos difíceis. Juntos cumpriremos essa missão", destacou.

Recentemente, Mourão foi alvo de uma série de ataques por parte do vereador Carlos Bolsonaro, filho do presidente, e tem sido criticado por parte da ala ideológica do governo, ligada ao polemista Olavo de Carvalho.

Ex-aluno do Colégio Militar, Mourão desfilou com os alunos, como é tradição na escola.

Slogan de Campanha

Bolsonaro ainda encerrou o discurso repetindo seu slogan de campanha, "Brasil acima de tudo, Deus acima de todos". A mensagem foi pivô de uma das primeiras crises do Ministério da Educação, na época comandado por Vélez Rodriguez. O ex-ministro enviou um email para as escolas de todo o Brasil solicitando que os professores e diretores filmassem os estudantes perfilados no pátio, onde deveria ser lida uma mensagem do governo que continua o slogan de campanha.

A iniciativa foi alvo de críticas de entidades da sociedade civil, especialistas em educação e de políticos da oposição, que acusaram o ministro de fazer propaganda política nas escolas. Após a repercussão negativa, o Ministério da Educação voltou atrás na medida.

Ao saudar os alunos do colégio, Bolsonaro fez o sinal de arma com a mão, utilizado por ele durante toda a campanha.

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UOL Notícias

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.