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Moro nega que sairá para vice em 2022 e diz: "Meu candidato é Bolsonaro"

Pedro Ladeira/Folhapress
Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress

Do UOL, em São Paulo

04/10/2019 08h51

O ministro da Justiça Sergio Moro falou sobre eleições 2022, negou que sairá candidato a vice-presidente e que se filiará ao Podemos e reforçou sua defesa à Lava Jato. Em entrevista à revista Veja, manteve o compromisso de manter seu cargo até o fim do governo e disse que seu candidato para o próximo pleito é Jair Bolsonaro (PSL).

"Eu digo ao presidente que essas notícias sobre uma eventual candidatura minha são intrigas. Ele sabe que eu não vou ser candidato. Primeiro por uma questão de dever de lealdade. Como é que você vai entrar no governo e vai concorrer com o político que o convidou para participar do governo?", questionou Moro, ao periódico - ele estampa a capa da edição desta semana..

Também não vou me filiar ao Podemos nem vou ser candidato a vice. Não tenho perfil político-partidário. Meu candidato em 2022 é o presidente Bolsonaro e pretendo fazer um bom trabalho como ministro até o fim"

Para Moro, Brasília é uma cidade "onde as intrigas ganham uma dimensão irreal". E é assim que ele fala dos rumores de que ele poderia sair do governo e que vinha sendo queimado por Bolsonaro.

Minha relação com o presidente é muito boa, ótima. Nunca cheguei perto de pedir demissão. As pessoas inventam histórias. Sei que é mentira, o presidente sabe que é mentira. Não sei direito de onde essas intrigas vêm"

Lava Jato e Lula

Sobre as críticas à Operação Lava Jato, principalmente após as divulgações de mensagens obtidas pelo site The Intercept, ele reforçou sua posição. "Não houve excesso, ninguém foi preso injustamente. Opinião de militante político não conta, pois desconsidera as provas. (...) Agora vem essa discussão de que a ordem das alegações finais seria um erro da Lava Jato. Os avanços anticorrupção não são de propriedade de juízes ou procuradores. É uma conquista da sociedade, do país. É o país que perde com eventuais retrocessos", afirmou ele.

"Esse episódio está todo superdimensionado. A Polícia Federal está investigando as pessoas que invadiram os celulares. Não está descartada a hipótese de que houve interesses financeiros por trás desse crime. Esses hackers, pelo que já foi demonstrado, eram estelionatários. Mas nada vai mudar o fato de que a Operação Lava Jato alterou o padrão de impunidade da grande corrupção. As pessoas sabem diferenciar o que é certo do que é errado", defendeu o ministro.

Moro fez novos ataques ao ex-presidente Lula e afirmou que a Petrobras foi "saqueada.

"Estou bem tranquilo com minha consciência quanto ao que fiz. O ex-deputado Eduardo Cunha também diz que é inocente. Aliás, na cadeia todo mundo diz que é inocente, mas a Petrobras foi saqueada. Sempre que há um julgamento importante, dizem que a Lava Jato vai acabar, que tudo vai acabar. Há um excesso de drama em Brasília. As pessoas pensam tudo pela perspectiva do Lula, embora seja possível que o julgamento do STF sobre a ordem das alegações finais leve à anulação da sentença sobre o sítio de Atibaia. Lula está preso porque cometeu crimes", afirmou Moro.

O ministro ainda fala que quem o considera "vilão estava do outro lado da lei" e afirmou que o governo Bolsonaro não representa riscos à democracia.

"O balanço desses primeiros meses de governo é positivo. A taxa de homicídios tem caído. Sete mil pessoas deixaram de perder a vida. A queda da taxa de homicídios também é trabalho do governo federal. As organizações criminosas estão na defensiva e enfraquecidas. As celas onde estão presos integrantes de organizações criminosas não respondem mais a um comando central. Falam em risco à democracia. É um exagero. O governo não tem o controle do Congresso, não tem o controle do Judiciário. A imprensa fala o que ela quer. Qual é o risco à democracia?", concluiu.