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Jornal: Militares precisam entrar, disse blogueiro a assessor de Bolsonaro

Presidente Jair Bolsonaro durante evento no Palácio do Planalto - ADRIANO MACHADO
Presidente Jair Bolsonaro durante evento no Palácio do Planalto Imagem: ADRIANO MACHADO

Do UOL, em São Paulo

19/09/2020 13h45

No mesmo dia em que grupos declarados antifascistas organizaram protestos contra o governo Jair Bolsonaro (sem partido), em maio, o blogueiro Allan dos Santos enviou uma mensagem a um assessor do presidente em que diz que as Forças Armadas "precisam entrar urgentemente". A informação é do jornal O Estado de S. Paulo.

De acordo com o diário, a mensagem foi obtida pela Polícia Federal no âmbito do inquérito que apura a organização e financiamento de atos antidemocráticos. Ainda segundo o jornal, o destinatário da mensagem foi o tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, chefe da Ajudância de Ordem da Presidência e assessor de Bolsonaro.

Em depoimento prestado no dia 11 de setembro, Mauro Cid afirmou que não se lembrava de "ter estabelecido" conversas com Allan dos Santos e negou apoiar a ideia. O assessor ainda declarou que não conhece o blogueiro pessoalmente.

O ato contra o governo Bolsonaro aconteceu em 31 de maio, em São Paulo, quando coletivos ligados a torcidas de futebol se reuniram em frente ao Masp (Museu de Arte de São Paulo). No mesmo dia e a poucos metros dali, um grupo pró-bolsonaro também se manifestava. Houve confronto entre os dois grupos. Em Brasília, o presidente também participou de manifestação em apoio a seu governo.

Essa, porém, não foi a única mensagem citada no inquérito. No dia 20 de abril, outro diálogo aconteceu entre os dois. Na ocasião, Allan dos Santos também enviou mensagens sugerindo "a necessidade de uma intervenção militar." Em resposta, Mauro Cid disse: "Já te ligo." Aos investigadores, o militar afirmou que "acredita que não realizou a ligação."

Já no dia 26 de abril, o blogueiro disse ao assessor que "não via solução por vias democráticas." Mais uma vez, Mauro Cid respondeu: "Já te ligo."

Uma quarta mensagem de Allan dos Santos, enviada no dia 6 de maio, citou "decisões do STF" e disse ao militar: "Não dá mais." A resposta do assessor foi: "Tá difícil."

Ainda segundo o jornal O Estado de S. Paulo, o tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid disse à Polícia Federal que Allan dos Santos tem "um posicionamento ideológico mais radical" e negou que Bolsonaro concorde com as ideias do blogueiro, além de refutar a existência de um "gabinete do ódio" no Planalto.

No mesmo inquérito, a PF também ouviu outros dois assessores do presidente: Tércio Arnaud Tomaz e José Matheus Sales Gomes. O primeiro disse repassar vídeos de Bolsonaro a canal do Youtube de direita e ter participado de um grupo no Whatsapp com o blogueiro e outros apoiadores do governo.