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Horas após eleição de Lira, oposição anuncia na madrugada que irá ao STF

Do UOL, em São Paulo

02/02/2021 01h18Atualizada em 02/02/2021 15h04

O primeiro ato de Arthur Lira (PP-AL) como novo presidente da Câmara já dividiu os parlamentares da Casa na madrugada de hoje, logo após o anúncio de que ele anulava, a partir de então, a decisão de Rodrigo Maia (DEM-RJ) que aceitou o registro do bloco de apoio a Baleia Rossi (MDB-SP), seu principal adversário, convocando uma nova eleição para a Mesa Diretora da Casa para amanhã, às 16h.

Na prática, a decisão do novo presidente tira da Mesa Diretora alguns partidos do bloco composto por PT, MDB, PSDB, PSB, PDT, Solidariedade, PCdoB, Cidadania, PV e Rede, partidos que apoiaram a candidatura de Rossi. Além disso, o PT deve perder o direito à 1ª secretaria.

O bloco foi registrado seis minutos após o fim do prazo determinado, mas acabou sendo aceito por Maia. Para o novo presidente da Câmara, o ato de seu antecessor causou "vício insanável" à eleição da Mesa. Em reação, os parlamentares foram às redes sociais protestar contra a atitude. Pouco depois, enviaram uma nota, assinada em conjunto, que o acusava de "afrontar as regras mais básicas de uma eleição" e de "colocar em sério risco a governabilidade da casa".

A insistir nesse caminho, perderá qualquer condição de presidi-la, já que seu primeiro ato desacredita o que acabara de dizer: que decidiria com imparcialidade. Foi a desmoralização mais rápida de um discurso que já se viu. A única voz que o mesmo aceita que se ouça na Mesa Diretora da Câmara é a voz daqueles que com ele concordam. Os que ousam defender uma Câmara altiva ele quer calar, já em seu primeiro movimento, tentando esmagar a representatividade de nossos partidos e de nosso bloco. Não aceitaremos. Vamos ao Supremo Tribunal Federal em defesa da democracia e do Parlamento brasileiro."
Trecho de nota conjunta de líderes e parlamentades do PT, MDB, PSB, PSDB, PDT, PCdoB, CIDADANIA, PV e REDE

Deputado federal de um dos partidos do bloco, Alexandre Padilha (PT) condenou Lira por seguir "a pegada bolsonarista ditatorial" por, recém-eleito, tentar "aniquilar seus adversários". Ele ainda acusa o novo presidente da Câmara e Jair Bolsonaro (sem partido) de tentarem "mudar regra de eleição durante eleição".

Na prática, ele anulou a eleição que ele mesmo ganhou."
Alexandre Padilha, deputado federal (PT)

Presidente nacional do PT, a deputada Gleisi Hoffmann manteve o tom do colega de partido e classificou a atitude como um "golpe na oposição para mandar na mesa da Câmara".

Mostrou que será um ditador a serviço de Bolsonaro."
Gleisi Hoffmann, deputada federal (PT)

A deputada Sâmia Bomfim (Psol) afirmou que "precisamos redobrar nossa luta", enquanto Camilo Capiberibe (PSB) questionou se a eleição teria sido "contaminada".

É apenas a demonstração do que será essa presidência.
Sâmia Bomfim, deputada federal (Psol)

Será que a eleição por inteiro (a eleição de Arthur Lira, inclusive!) não teria sido contaminada?
Camilo Capiberibe, deputado federal (PSB)

Líder do PCdoB na Câmara, Perpétua Almeida (AC) atacou Lira.

A ditadura começou!
Perpétua Almeida, deputada federal (PCdoB)


Por outro lado, o ato agradou deputados da base aliada do governo Bolsonaro e que defendiam a eleição de Lira. "Cabra-macho", definiu Carla Zambelli (PSL-SP). "Ato de coragem e respeito ao Regimento Interno", opinou Bia Kicis (PSL-DF).

Arthur Lira desfaz lambança proposital de Maia.
Carla Zambelli, deputada federal (PSL)

Os parlamentares usaram seus perfis no Twitter para publicar fotos e mensagens celebrando o resultado da votação."Vitória completa do nosso governo Jair Bolsonaro" , escreveu Pedro Lupion (DEM-PR). "Tenho certeza de que ele conduzirá a Câmara com transparência, produtividade e em harmonia com os demais poderes", desejou Clarissa Garotinho (Pros-RJ). O ex-vice-presidente da Casa, Marcos Pereira (Republicanos-SP) chamou a eleição de Lira de "histórica".

Governo Bolsonaro e Brasil mais fortes no Congresso!
Pedro Lupion, deputado federal (DEM)

Arthur Lira tinha o apoio do presidente Jair Bolsonaro e venceu a eleição para a presidência da Câmara em primeiro turno com 302 votos. Baleia Rossi, o segundo colocado, teve 145 votos.