Pronunciamento de Bolsonaro em rádio e TV é novamente cancelado
O pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em cadeia nacional de rádio e televisão, previsto para esta noite, às 20h30, foi novamente cancelado. A princípio, a gravação seria veiculada ontem, no mesmo horário, mas também não aconteceu.
A informação foi divulgada pela coluna Radar, da revista Veja, e confirmada pelo UOL. Procurada pela reportagem, a Secom (Secretaria Especial de Comunicação Social) não informou o motivo do cancelamento e disse não ter previsão para um novo pronunciamento.
Segundo apurado pelo UOL, o presidente nem chegou a gravar o comunicado que seria transmitido hoje.
O adiamento ocorre no dia que o Brasil estabeleceu um novo recorde de mortes em 24 horas durante toda a pandemia. Entre ontem e hoje, foram 1.840 mortos, segundo dados do consórcio de imprensa, do qual o UOL faz parte. Agora, o país passa de 259 mil mortos e 10,7 milhões de infectados pelo coronavírus.
Ao menos até ontem, de acordo com a Folha de S.Paulo, Bolsonaro preparava um discurso para defender a isenção de impostos sobre o óleo diesel e criticar as restrições adotadas em diversos estados por conta do aumento nas internações. Um levantamento da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) aponta que 18 estados e o Distrito Federal têm ocupação de leitos de UTI para covid-19 acima de 80%. Destes, dez estão com lotação acima de 90%.
Hoje de manhã, porém, o presidente disse a apoiadores que falaria da pandemia de covid-19 e das vacinas quando fizesse um pronunciamento em rede nacional, mas não especificou quando aconteceria. Questionado sobre a data, ele se esquivou: "Vai ficar a dúvida aí".
Bolsonaro também renovou as críticas à imprensa, a quem atribuiu a culpa por "criar pânico" na população.
"Para a mídia, o vírus sou eu. (...) Criaram o pânico. O problema está aí, lamentamos, mas você não pode viver em pânico. Que nem a política, de novo, do fique em casa, o pessoal vai morrer de fome, de depressão?", questionou, em novo ataque às medidas de isolamento, comprovadamente eficazes para conter o avanço da covid-19.
(Com Estadão Conteúdo)
*Colaborou Carla Araújo, do UOL, em Brasília
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