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'Decidiam e mandavam Pazuello fazer', diz Omar Aziz após vídeo

O presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM)  -  Leopoldo Silva/Agência Senado
O presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM) Imagem: Leopoldo Silva/Agência Senado

Do UOL, em São Paulo

04/06/2021 19h58

O senador Omar Aziz (PSD-AM), que preside a CPI da covid-19, afirmou que a divulgação de um vídeo onde o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) aparece em uma reunião ao lado do ex-ministro Osmar Terra e da médica Nise Yamaguchi, é a prova de que o "gabinete paralelo" de orientação durante a pandemia de fato, existiu, e de que o ministro Pazuello apenas "recebia ordens" à frente da pasta.

"Todos que foram lá [na CPI] negaram. A Dra. Nise negou. Vamos descobrir quantas vezes ela foi a Brasília, de São Paulo a Brasília. Diz um requerimento para saber quantas vezes ela veio, quem pagou as passagens, hospedagens, para que a gente tenha condições de investigar esse gabinete. Tenho certeza absoluta que haverá convites e convocações para várias pessoas que estão na reunião. Aquilo que tínhamos certeza está comprovado nesse vídeo. A discussão sem a presença de um ministro, sem um técnico da saúde. O gabinete paralelo trata de vidas, eles tão decidindo a sua vida. Dia 20 de setembro, conforme está datado, não tenho certeza - certeza eu tenho das palavras que estão na gravação, tanto a Pfizer quanto o Butantan já tinham oferecido vacina para o Brasil. Você vê um menosprezo. Não tinha 200 mil mortes. Agora a gente vai chegar a 500 mil em uma semana, duas no máximo", afirmou, em entrevista à GloboNews.

"Se isso não é uma reunião tratando de saúde, não sei o que é. Não sou eu que estou dizendo, é um fato. Não tem prova maior. É um vídeo em que o presidente está discutindo a política de saúde para o Brasil. Não é um seminário, é uma reunião com o presidente sem a presença de nenhum membro do ministério. Por isso que o ministro Pazuello recebia ordens. Decidiam ali e mandavam o Pazuello fazer. Por isso que ele disse que 'um manda' e ele 'obedece'. Tá mais que provado o gabinete paralelo, negado pela Dra. Nise Yamaguchi, que disse que o presidente só foi uma vez. O presidente era o primeiro da fila".

As imagens foram reveladas nesta sexta-feira (4) pelo portal Metrópolis, e mostram o chamado "gabinete paralelo" orientando o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) a ter cautela com vacinas contra a covid-19. O vídeo mostra a médica Nise Yamaguchi, o ex-ministro Osmar Terra e o virologista Paulo Zanotto, entre outros participantes —entusiastas do chamado "tratamento precoce" e da imunidade de rebanho.

Aziz afirmou que Terra também receberá um convite para prestar esclarecimentos na comissão. "Tem o convite ao deputado Osmar Terra, espero que ele compareça. Parece que existe ali um problema jurídico que deputados federais não podem ser convocados, estamos discutindo isso. Mas tenho certeza que ele tem todo interesse em ir na CPI e falar daquilo que defendeu e defende. Você tem o deputado Osmar Terra, que por várias vezes disse que quase foi ministro da Saúde. Tinha o ministro paralelo, que era o Osmar Terra, e o de direito. O de direito era o Pazuello, que recebia ordens. Olha as contradições", apontou

"Eu sempre disse: o presidente não acordou e sonhou que tratamento precoce e imunização de rebanho seria a solução para o Brasil. Ele não recebeu em um sonho dizendo isso salvaria o Brasil. Ele foi convencido, até porque ele não tem nenhum conhecimento na área de ciência, nada, zero. Ele não conhece absolutamente nada sobre saúde. E ele passou a prescrever remédios através das suas redes sociais e lives".

O senador afirmou que a recomendação de remédios sem a orientação médica é uma "afronta" aos profissionais da área.

"É uma afronta, não a mim, não a você, mas a sociedade médica que não permite. Nenhum médico gosta que um leigo fique prescrevendo remédio porque ouviu falar. Você viu até que ele faz um gracejo com a cloroquina. O gabinete paralelo, está mais que provado. Agora, o deputado Osmar Terra, Arthur Weintraub, aquele Felipe [Martins, ex-assessor internacional da Presidência]. Talvez esse doutor que fala aí [provavelmente, Paulo Zanotto]. Hoje é fácil: se a pessoa não mora em Brasília, não tem consultório em brasilia, pegou um avião de qualquer estado, é fácil detectar quantas vezes esteve aqui. É fácil. Ou se não, se faz uma varredura nos hotéis de Brasília".

Punição a Pazuello

Aziz preferiu não comentar a decisão do Exército de não punir o general Eduardo Pazuello pela participação em um ato ao lado do presidente Bolsonaro.

"Nesse momento eu não vou questionar a instituição Exército, o comandante deve saber o que está fazendo. Eu sou presidente da CPI, e quando ele esteve na CPI, foi como ex-ministro da Saúde, não como general. É uma questão institucional, não vou emitir opinião sobre isso, do mesmo jeito que eu não quero que o Exército emita opinião sobre o Senado. Quem devia estar falando é o presidente do Senado, da Câmara, dos três poderes. Eu me resguardo a falar sobre a CPI", finalizou.

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.