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'Collor renunciou e Dilma foi cassada por muito menos', diz Otto Alencar

Do UOL, em São Paulo

29/06/2021 10h15

O senador Otto Alencar (PSD-BA) disse hoje, em entrevista ao UOL News, que o avanço das investigações da CPI da Covid tem evidenciado uma conduta do Governo Federal na pandemia do novo coronavírus que pode levar a um processo de impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Para ele, os relatórios que estão sendo preparados pela CPI demonstrarão fatos que, em sua opinião, são mais graves dos que motivaram os processos de impeachment contra Fernando Collor e Dilma Rousseff.

"Por muito menos que isso, Collor renunciou e Dilma foi cassada. Acho que na Câmara já tem vários pedidos de impeachment que sequer foram apreciados. Cabe à Câmara dar prosseguimento", disse.

Como citado por Otto Alencar, Collor chegou a renunciar ao cargo em 1992, quando já estava afastado em meio ao processo de impeachment, para tentar manter os direitos políticos, mas perdeu seu mandato ao final do processo e foi declarado inelegível a cargos políticos por oito anos. Ele era acusado de corrupção passiva em um esquema coordenado por seu tesoureiro de campanha Paulo César Farias.

Já Dilma Rousseff, diferentemente de Collor, não renunciou e perdeu o mandato oficialmente ao final do processo de impeachment, em 2016. Ela foi condenada por crime de responsabilidade fiscal, mas manteve os direitos políticos.

"Crimes sanitários"

Segundo Otto Alencar, as suspeitas de irregularidades na compra da vacina Covaxin podem complicar o presidente caso ele não tenha tomado as providências para averiguação do relatado pelo deputado federal Luís Miranda.

Depois de colher todos os elementos, não tenho dúvida que vai ficar configurado a culpabilidade do presidente não ter tomado as providências necessárias para inibir essa compra que seria uma sangria para os cofres", disse.

Porém, segundo Otto Alencar, o relatório parcial que será apresentado por Renan Calheiros (MDB-AL) já contém elementos que complicam o Governo Federal em relação à conduta da pandemia.

"O relatório do senador será apreciado. Nós já temos os crimes sanitários contra o povo brasileiro, a humanidade. O mais grave deles é a iniciativa do gabinete das sombras ter induzido a população do Amazonas à imunidade de rebanho", disse.

"Elementos de provas chegarão e vamos encaminhar para a Câmara. Agora cabe à Câmara admitir ou não a possibilidade de impeachment. Além disso, vamos encaminhar para o Supremo e Corte de Haia, sobretudo a questão do crime contra a humanidade que atingiu o povo indígena", completou.

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.