Marco Aurélio diz que Bolsonaro cria crise para ter sucesso e alfineta Aras
Marco Aurélio Mello, decano do STF (Supremo Tribunal Federal) que se aposenta no dia 12 de julho, concedeu entrevista hoje à jornalista Miriam Leitão, na GloboNews, e disse que o presidente Jair Bolsonaro cria "crises desnecessárias" e "lança presunções que não se confirmam". O ministro também cutucou o atual PGR (procurador-geral da República), Augusto Aras, ao dizer que não se pode exercer o mandato pensando na "recondução ao cargo".
"Nós aprendemos que o exemplo vem de cima, e o presidente deve buscar a segurança jurídica. Não pode estar sugerindo que há um cenário de possibilidade de fraude [nas urnas eletrônicas], não se avança culturalmente assim. O presidente é dado a esses arroubos de retórica e a lançar presunções que não se confirmam com a realidade", disse Marco Aurélio, ao comentar a fala de Bolsonaro sobre uma eventual "convulsão social" caso o ex-presidente Lula vença o pleito eleitoral de 2022.
O decano no STF também afirmou que o presidente Bolsonaro é afeito a criar crises desnecessárias. Segundo Marco Aurélio Mello, essa é uma estratégia que Bolsonaro sabe contornar bem.
"Ele [Bolsonaro] com esses arroubos de retórica acaba criando desnecessariamente crises e nada de braçada nessas crises. O sucesso dele se faz nas crises. Não é bom, nem o que se espera de um presidente da República. Pelo contrário, deveria servir de modelo para os cidadãos em geral", criticou o ministro.
Apesar das críticas à postura de Bolsonaro, Marco Aurélio Mello disse não acreditar em um possível "golpe", "mesmo com essa postura do presidente da República". O ministro do STF afirmou que é necessário apoio popular para um eventual golpe, o que não se vê no momento. "Muitos não votaram pela figura em si, ou pelo seu desempenho em cargos públicos, mas sim para não ter o PT de volta", afirmou sobre a vitória de Bolsonaro em 2018.
Cutucada em Aras
Marco Aurélio Mello também deu uma indireta ao PGR, Augusto Aras. Segundo o decano do STF, a postura de um procurador-geral da República deveria ser de "oposição".
"O que se aguarda do PGR é uma atuação opositante. Ninguém pode exercer o mandato pensando em recondução. Nós sempre esperamos que um titular da PGR cumpra o dever. Vamos aguardar para ver o que ocorrerá em agosto, se haverá recondução", analisou o ministro.
Ao ser questionado sobre a possibilidade de uma indicação de Augusto Aras para a cadeira no Supremo que ficará vaga após sua aposentadoria, o ministro afirmou que não se deve buscar "nomeação para essa carreira", muito menos alguém que já ocupa um cargo público, caso do atual PGR.
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