Pandemia e governo mostram que liberdade não está garantida, diz Lo Prete
A jornalista Renata Lo Prete avalia que a "pandemia por um lado e o governo, que temos, por outro" mostraram que as "liberdades não estão garantidas".
Entrei na profissão pouco antes da Constituição Nova e com ampliação das liberdades, com o país enfrentando uma série de dificuldades, mas sobre vários aspectos muito visíveis avançando. E talvez eu não tenha pensado, mas é quase como se eu desse essa expansão contínua por permanente, por segura. Mas a pandemia por um lado, e o governo, que temos, por outro, vieram nos dizer que não é assim, que as liberdades não estão garantidas."
Renata Lo Prete, jornalista
Ela foi a entrevista de hoje do programa "Jornalistas e Etc.", comandado pela colunista do UOL Thaís Oyama. Você pode assistir a todos os programas do UOL no Canal UOL.
A apresentadora do Jornal da Globo e âncora do podcast "O Assunto" disse não ter "uma fórmula" sobre como a imprensa precisa lidar com declarações negacionistas ou antidemocráticas feitas por autoridades como o presidente da República.
Para Lo Prete, a imprensa deve exercitar todos os dias "a capacidade de não ser ingênua" e se esforçar para "não servir interesses que não são democráticos, que, portanto, não têm legitimidade no debate".
A jornalista disse ainda que a atual geração está diante de "algo muito sem precedente" e assim como a sociedade e os agentes políticos podem se organizar, os jornalistas tem uma contribuição.
"Nós somos falíveis, precisamos ser cobrados pelas nossas escolhas, mas não tenho a menor dúvida que a gente presta um serviço muito necessário", disse a jornalista.
'Ser ombdusman elevou minha exigência comigo mesma', diz Lo Prete
Considerada uma das grandes jornalistas de política do país, Lo Prete contou que ter sido ombudsman (profissional que analisa e critica reportagens do próprio veículo de forma aberta) na Folha de S. Paulo fez dela uma profissional mais exigente com seu trabalho.
Ela disse que chegou a sofrer uma espécie de apagão após sair do cargo. "Quando você volta e está do outro lado [como repórter e não como crítica], pelo menos para mim, a impressão era que nada que eu fazia era suficiente bom", admitiu a jornalista.
Durante o programa, Lo Prete contou como foi sair da GloboNews, "onde falava com milhares", para ir para um canal aberto e ser ouvida por "milhões". "É desafiador, porque você tem que permanentemente fazer um exercício se está sendo suficientemente claro, se você entendeu bastante para conseguir passar a informação", explicou.
A jornalista brincou ainda que um dos desafios de fazer o jornal todos os dias é o horário.
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