A apoiadores, Bolsonaro diz achar que contraiu covid pela 2ª vez
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse hoje que ainda não se vacinou contra a covid-19, mesmo com as recomendações de especialistas, e, sem máscara, sugeriu que, pelo seu índice de IgG, pode ter contraído covid-19 pela segunda vez.
"Eu não tomei a vacina e estou com 991 [de nível de imunoglobulina G, o IgG, um marcador de anticorpos]. Eu acho que peguei covid de novo e nem fiquei sabendo", declarou aos apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada, em Brasília.
Apesar da afirmação, o presidente não deu mais detalhes de quando a nova contaminação teria acontecido.
O primeiro resultado positivo do chefe do Executivo para a covid-19 aconteceu em julho de 2020, quando o presidente sentiu alguns sintomas da doença e fez o exame em Brasília, que atestou a contaminação.
À época, Bolsonaro disse que tomou hidroxicloroquina e azitromicina, remédios que não são eficazes cientificamente contra a covid-19, e estava se sentindo bem.
"Começou domingo, com uma certa indisposição, se agravou na segunda-feira, com mal-estar, cansaço e febre de 38 graus. O médico da presidência, apontando a contaminação por covid-19, fui fazer uma tomografia no hospital. Equipe médica decidiu dar hidroxicloroquina e azitromicina. Como acordo muito durante a noite, depois da meia-noite senti uma melhora, às 5 da manhã tomei a segunda dose e estou me sentindo bem", disse Bolsonaro na ocasião do primeiro diagnóstico.
O UOL entrou em contato com o Palácio do Planalto para saber mais detalhes, mas não teve retorno até a última atualização desta nota.
Protestos contra o governo
Hoje, Bolsonaro também minimizou os atos contra o governo ocorridos ontem. Aos apoiadores, o chefe do Executivo afirmou que só uma minoria "digna de dó" foi às ruas e ainda ironizou a presença de presidenciáveis nos atos. "Viram em São Paulo, ontem, cinco presidenciáveis aglomerados?", questionou Bolsonaro.
Entre os cotados para disputar o Planalto em 2022, estiveram presentes na Avenida Paulista o governador de São Paulo, João Doria (PSDB); o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM); o ex-ministro da Fazenda Ciro Gomes (PDT); o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e a senadora Simone Tebet (MDB-MS).
Porém, ao contrário do que o presidente costuma fazer, todos os presentes nos atos utilizavam máscara, seguindo a recomendação de autoridades sanitárias, exceto nos momentos de discursos. "Citaram questões pessoais. Não vão me tirar daqui com isso de jeito nenhum", declarou Bolsonaro.
Foram registradas ontem manifestações contrárias ao governo em todo o país, mas com adesão bastante menor em comparação com 7 de setembro, como destacou mais cedo o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB). Os atos reuniram setores da direita que abandonaram o presidente, como o Movimento Brasil Livre (MBL), e algumas figuras da esquerda, mas parte desse campo resistiu a ir às ruas com ex-bolsonaristas.
Interferência
Questionado por uma apoiadora sobre a dificuldade do exame Revalida, prova do Conselho Federal de Medicina (CFM) para autorizar o exercício da profissão no país por médicos formados no exterior, Bolsonaro respondeu que não tem interferência no órgão.
"Zero, zero interferência. É igual às agências aqui no governo. Pessoal pensa que eu mando, mas não mando em agências, não".
Constituição
Bolsonaro ainda leu aos apoiadores presentes o artigo 1º da Constituição Federal de 1988.
"Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição", frisou o chefe do Planalto, pedindo aos presentes intensificação de estudos sobre a realidade país.
"Alguns idiotas não aprendem nunca, mas temos de dar conhecimento às pessoas que não têm ainda", disparou.
Discurso
De olho nas eleições de 2022, o presidente também resgatou alguns aspectos do discurso conservador que o alçou ao comando do país em 2018.
Contrário ao politicamente correto, contou a apoiadores "piadas" de cunho machista. "Todas as mulheres são torcedoras do Botafogo, não vou falar por quê", afirmou, arrancando risos de simpatizantes.
"O Brasil está chato. Você não pode contar uma piada. Eu só conto piada em círculo reduzindo e sabendo que ninguém está gravando."
Bolsonaro ainda insistiu em sua retórica de que a inflação dos alimentos é culpa da política do "fique em casa" adotada por estados e municípios durante a pandemia, desprezando, mais uma vez, o efeito cambial do fenômeno e o impacto de questões políticas na alta do dólar.
"As coisas ruins não acontecem de uma hora para outra, a não ser um raio. O estado é bonzinho, vai dar comida para você, tome isso, tome aquilo. Quando você ver, a água ferveu demais. É assim que começam os regimes de exceção e terminam da forma mais trágica possível, como da Venezuela", declarou o chefe do Executivo, voltando a forçar comparações com o país vizinho. "Se o Brasil tiver aqui um caos, convulsão social, não vai ser diferente de Venezuela".
*Com informações do Estadão Conteúdo
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.