Você é mais metódico ou intuitivo? Entenda como seu cérebro funciona
Seu pensamento é mais focado ou global? Você se considera uma pessoa metódica ou livre de regras? Estas são algumas das perguntas-chave para descobrir se tem uma mente convergente ou divergente – e, a partir daí, trabalhar suas potencialidades e dificuldades para ter mais sucesso, bem-estar e qualidade de vida. Tal teoria não é nova e foi difundida, na segunda metade do século 20 pelo psicólogo americano Joy Paul Guilford.
“Depois dela, surgiram as associações com a lateralidade cerebral, os lados esquerdo e direito do cérebro que se comunicam constantemente, têm características próprias e tudo a ver com esse estudo – já que mentes convergentes tendem a utilizar mais o hemisfério esquerdo e as divergentes, o direito”, explica Leandro Roberto Teles, neurologista formado e especializado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).
A teoria não está ancorada em estudos científicos controlados e sim em investigações observacionais. Antes de se perguntar em qual extremo você se encaixa, saiba que o fundamento não serve para dividir as pessoas no grupo x ou y, pois isso seria simplista demais se considerarmos toda a complexidade e heterogenia do ser humano. “Alguns indivíduos até podem estar em um polo ou outro, mas a grande maioria se encontrará no meio do espectro, mostrando traços de pensamentos convergentes e divergentes”, salienta o médico. De qualquer forma, a doutrina ajuda na compreensão de tendências, limitações e habilidades individuais.
Pessoas de mente convergente: |
Têm um pensamento mais focado, começando da parte para o todo, sequencial e lógico. |
Chegam a respostas corretas e confiáveis, mas com pouco ineditismo. |
Em geral são perfeccionistas, organizadas e realizam uma tarefa de cada vez. |
O hemisfério esquerdo do cérebro é mais acionado e, por isso, resvalam para o pensamento cartesiano e raciocínio matemático, sempre de forma detalhista e metódica. |
Apesar de competentes, têm dificuldade de perceber o todo em um primeiro momento, são mais intransigentes e não aceitam erros. |
Colocadas fora da rotina, podem se perder um pouco. |
Lógica versus intuição
Curioso para se definir? Então, vamos lá. Uma pessoa de mente convergente tem um pensamento mais focado, começando da parte para o todo, sequencial e lógico. Chega a respostas corretas e confiáveis, mas com pouco ineditismo. Em geral são perfeccionistas, organizadas, realizando uma tarefa de cada vez. O hemisfério esquerdo do cérebro é mais acionado e, por isso, essas pessoas resvalam para o pensamento cartesiano e raciocínio matemático, sempre de forma detalhista e metódica. Apesar de competentes, têm dificuldade de perceber o todo em um primeiro momento, são mais intransigentes e não aceitam erros. Colocadas fora da rotina, podem se perder um pouco.
Já alguém de mente divergente apresenta um pensamento global, partindo do todo para a parte, realizando associações pouco usuais e encontrando soluções criativas, nem sempre com tanta correção e competência. É um comportamento típico de pessoas desorganizadas, ansiosas e que fazem muitas coisas ao mesmo tempo. A criatividade cobra seu preço com uma taxa maior de erros. Por demandar mais o hemisfério direito, que não abriga a área da linguagem, são sensíveis, intuitivas e menos lógicas, mais transgressoras de regras e com dificuldade de cumprir rotinas. Porém, são capazes de se adaptar facilmente a mudanças e têm melhor poder de improvisação.
Pessoas de mente divergente: |
Apresentam um pensamento global. |
Vão do todo para a parte, realizando associações pouco usuais e encontrando soluções criativas, nem sempre com tanta correção e competência. |
Têm comportamento típico de pessoas desorganizadas, ansiosas e que fazem muitas coisas ao mesmo tempo. |
Erram mais, por serem mais criativas. |
Por demandarem mais o hemisfério direito, que não abriga a área da linguagem, são sensíveis, intuitivas e menos lógicas, mais transgressoras de regras e com dificuldade de cumprir rotinas. |
São capazes de se adaptar facilmente a mudanças e têm melhor poder de improvisação. |
Miscelânea bem-vinda
Se, mesmo lendo com toda a calma as características de um tipo e de outro, você ainda tem dúvida a qual pertence, considere que todos nós temos momentos de convergência e divergência. Algumas pessoas trazem uma mistura dos dois, ou oscilam entre ambos dependendo da atividade e do momento de vida. Mas, de uma maneira geral, há uma predileção individual para um dos estados. “As mulheres tendem a ser mais divergentes que os homens, assim como as crianças são seres divergentes. A escola e o trabalho por vezes valorizam muito o lado convergente, o raciocínio de senso comum, a obediência às regras sociais – fazendo com que indivíduos divergentes migrem para um padrão convergente”, reflete Leandro Teles.
Para ter certeza de que lado você está, veja as dicas do neurologista: analise sua própria vida, suas prioridades, seu dia a dia. Se prefere ambientes controlados, organizados, faz uma coisa de cada vez, com exatidão e rigor, tende à convergência. Caso se sinta melhor em locais descontraídos ou mesmo bagunçados, com poucas regras, que valorizem o pensamento criativo em detrimento da exatidão, você é mais divergente.
“Imagine a cena: um casal conversa, e você observa. Tanto o hemisfério esquerdo quanto o direito do cérebro interpretam que o rapaz e a garota continuarão juntos. Mas a explicação que encontram para isso é diversa. No esquerdo, convergente, é porque são jovens, bonitos, praticamente da mesma idade, falam olhando nos olhos um do outro e parecem felizes e apaixonados – em um raciocínio verbal, lógico e sequencial. Já o direito dirá que ficarão juntos ‘porque sim, estou com um pressentimento, eles combinam e existe uma química’ – o juízo é intuitivo.”
Todos nós temos momentos de convergência e divergência, sendo que algumas pessoas trazem uma mistura dos dois
Trabalhe o outro hemisfério
O reconhecimento do seu lado preponderante pode ser importante em várias situações – como, por exemplo, para escolher o ramo de atuação, contratar alguém, preparar apresentações, se relacionar com os outros.
“Compreendendo melhor a si próprio, será mais fácil fazer escolhas pessoais, vocacionais ou de lazer. Além disso, pode nos motivar a desenvolver os aspectos deficitários da mente, exercitando-os para nos tornar eficientes. A pessoa se torna completa se tem capacidade de usar de maneira harmoniosa as funções dos dois lados, migrando de um para outro sem esforço, dependendo da necessidade. Isso pode e deve ser treinado.
A dica é sair da zona de conforto, fazer coisas novas, realizar as tarefas cotidianas sob novos enfoques e perspectivas.” Para um indivíduo convergente, por exemplo, é aconselhável desenvolver o lado artístico, explorar a criação, buscar soluções fora da rotina, fugir do óbvio e se permitir o erro. Vale, então, se dedicar a artes, música instrumental, atividades que exijam criatividade e jogos como quebra-cabeça.
No caso do divergente, convém realizar tarefas seriadas e isoladas, que exigem concentração e doação. Exemplos: leitura, cálculos e exercícios matemáticos, jogos de tabuleiro, sudoku e palavras cruzadas.
As profissões mais recomendadas para as mentes convergentes são as que valorizam o raciocínio linear e a rotina, como direito, engenharia, matemática, pesquisa. Para as divergentes, as que exigem criatividade, com tolerância para a transgressão de regras e erros eventuais, como decoração, moda, artes de modo geral, arquitetura, marketing, entretenimento.
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