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Crianças do Senegal apanham e são chamadas de 'ebola' em escola de NY

Ousmane Drame, 62, pais dos meninos Amadou Drame, 11, (à esq.) e Pape Drame, 13, relatou que as crianças sofrem bullying dos colegas de uma escola em Nova York  - Frank Franklin II/AP
Ousmane Drame, 62, pais dos meninos Amadou Drame, 11, (à esq.) e Pape Drame, 13, relatou que as crianças sofrem bullying dos colegas de uma escola em Nova York Imagem: Frank Franklin II/AP

Do UOL, em São Paulo

29/10/2014 12h46

Aos gritos de “Vá para casa” e “Ebola”, duas crianças senegalesas estão sendo hostilizadas em uma escola no Bronx, distrito de Nova York, nos Estados Unidos. A denúncia partiu do pai das crianças, Ousmane Drame, 62, que pediu providências da escola ao encontrar um dos filhos apanhando de colegas.

Seus filhos Pape e Amadou Drame, com 13 e 11 anos, foram atacados na semana passada, um deles com um soco no rosto, e o outro com xingamentos, segundo o pai, que é motorista de táxi.

“Meu nome não é ebola, é Amadou”, disse o mais novo antes de ser atacado.

“Fui chamado à escola, que me informou que tinham batido em meus filhos. [...] Corri para lá e vi meus filhos muito machucados. Amadou estava chorando, deitado no chão, com mais de dez crianças em cima dele, batendo”.

Os meninos ficaram em silêncio enquanto o pai relatava o ocorrido. Líderes comunitários locais e funcionários da escola pediram aos pais dos alunos para conversarem com seus filhos sobre tolerância.

Drame, que vive em Nova York há 25 anos, disse que não era essa a lição que ele tinha em mente quando trouxe os filhos para os EUA para dar-lhes uma educação melhor.

Ele conta que os meninos foram impedidos de fazer atividades físicas com outros alunos por dois dias, para que não tivessem contato com eles.

"Se eles vão ao ginásio, eles dizem ‘você não joga; não toque na bola. Você tem ebola, sente-se ali'".

Pape, estudante da oitava série, pediu ao pai para mandá-lo de volta ao Senegal para não ter de suportar as surras frequentes na escola.

"Não é só com eles que isso acontece. Todas as crianças africanas sofrem com isso. Passei sete anos na faculdade. Eu fui para a escola toda a minha vida. Eles nasceram na família de um professor. Eles têm que ir para a escola”, disse Drame.

A Secretaria de Educação de Nova York informou em um comunicado que está investigando o incidente e que leva o assunto "muito a sério".

"Não vamos tolerar a intimidação ou bulliyng de nossos alunos, especialmente neste momento em que os nova-iorquinos precisam se unir". 

Guiné, Serra Leoa e Libéria, países da África ocidental, vivem epidemia de ebola, que já deixou mais de 4.900 mortos e infectou mais de 10 mil pessoas. O Senegal notificou um caso da doença, importado da Guiné, mas atualmente não há casos relatados do vírus no país.

(Com jornais internacionais)