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CoronaVac: Congresso convida diretores de Anvisa e Butantan para explicação

Diretor-geral do Instituto Butantan, Dimas Covas foi convidado para prestar esclarecimentos sobre CoronaVac - Roberto Casimiro/Fotoarena/Estadão Conteúdo
Diretor-geral do Instituto Butantan, Dimas Covas foi convidado para prestar esclarecimentos sobre CoronaVac Imagem: Roberto Casimiro/Fotoarena/Estadão Conteúdo

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

11/11/2020 11h28

Senadores e deputados federais da comissão mista que acompanha ações relacionadas à pandemia da covid-19 aprovaram hoje convites para que o diretor-presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Antonio Barra Torres, e o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, prestem esclarecimentos sobre a suspensão dos estudos clínicos da vacina CoronaVac.

O presidente da comissão, senador Confúcio Moura (MDB-RO), pretende promover a próxima reunião, já com a participação de Torres e Covas, na sexta-feira (13). Por se tratar de um convite, eles não são obrigados a comparecer.

A vacina é desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac com o Instituto Butantan, ligado ao governo de São Paulo. A Anvisa determinou na segunda (9) à noite a interrupção do estudo clínico da vacina após o registro de um "evento adverso grave". Em resposta, o Instituto Butantan afirmou que foi "surpreendido". Hoje, a Anvisa anunciou que autorizou a retomada dos testes da CoronaVac.

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) usou as redes sociais para atacar o governador de São Paulo, João Doria (PSDB). A morte que causou a suspensão foi o suicídio de um voluntário de 33 anos ocorrido em 29 de outubro, apurou o UOL.

O senador Esperidião Amin (PP-SC) criticou o que considera uma politização de ambas as partes e defendeu que os diretores da Anvisa e do Butantan fossem convocados. Neste caso, eles seriam obrigados a comparecer à comissão, sem possibilidade de recusa.

A vice-presidente da comissão, senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA), afirmou que a Anvisa adotou "notadamente uma postura ideológica e política". Ela disse que, quando há problemas, os testes de uma vacina realmente precisam ser suspensos para apuração. No entanto, lembrou que a Conep (Comissão Nacional de Ética em Pesquisa) também foi comunicada sobre a morte de um voluntário que testou a CoronaVac e, diferentemente da Anvisa, recomendou a continuidade dos estudos.

O senador Izalci Lucas (PSDB-DF) também criticou a atitude da Anvisa em se suspender os testes da CoronaVac sem comunicar o Butantan antes. "Não dá, realmente, para fazer o que fizeram. Lamento muito a posição da Anvisa, sinceramente. Nós que sabatinamos há pouco a diretoria da Anvisa...acho que eles foram negligentes e politizaram, porque a informação chegou à Anvisa na sexta-feira. E o Butantan soube pela imprensa", disse.

A senadora Zenaide Maia (Pros-RN) encampou as críticas à politização em torno das vacinas e defendeu a credibilidade do Butantan. Ela disse que Bolsonaro é "insensível" à covid-19 e não se deve esperar que o presidente respeite a ciência.

Comissão também quer ouvir diretor da Aneel sobre apagão no AP

Na reunião virtual, os parlamentares também aprovaram convite ao diretor-geral da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), André Pepitone da Nóbrega. Eles querem que Nóbrega explique as causas do apagão no Amapá que deixou 90% da população do estado no escuro na terça-feira (3) e até o momento não foi totalmente resolvido.

Os parlamentares pedem ainda que o diretor explique as circunstâncias das falhas no sistema de reserva e as providências tomadas pela Aneel e pelo Ministério de Minas e Energia para o restabelecimento da normalidade. Ele também será convidado a falar à comissão na sexta, informou Confúcio Moura.

O requerimento foi apresentado pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). "Se existe um caos, é o que está vivendo o Amapá", disse. Ele relatou escassez de água potável, alimentos estragados, eletrodomésticos queimados, protestos pelo estado e a prisão supostamente indevida de manifestantes.

"Não é razoável o presidente da República não ter dado uma resposta concreta, não ter vindo aqui", falou. "O que aconteceu aqui não foi culposo, foi doloso. Não é somente ter deixado uma empresa privada sucateada, já falida, cuidando do sistema de energia elétrica de 800 mil pessoas. É mais grave do que isso: é não ter fiscalizado."

Izalci Lucas questionou se a privatização de estatais ligadas à energia elétrica é o melhor caminho a ser adotado pelo país - o governo federal pretende privatizar a Eletrobras, por exemplo.

Isso porque o transformador que estragou estava sob responsabilidade de uma empresa privada e, segundo o ministério no requerimento, um dos três equipamentos que poderiam suprir o estado emergencialmente estava avariado desde dezembro de 2019, sem conserto concluído.

Para Zenaide Maia, deve-se questionar privatizações irrestritas. Ela ponderou que, quando o setor privado falha, tem cabido ao governo tomar providências para mitigar a situação.