Consórcio que reúne estados do Nordeste pede volta de testes da CoronaVac
O governador do Piauí, Wellington Dias (PT-PI), presidente do Consórcio Nordeste, que reúne nove governadores da região, pediu o retorno dos testes da vacina CoronaVac o mais breve possível —com o acompanhamento da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
"A Anvisa e o Instituto Butantan têm uma história de respeito, rigor e de destaque nessa área com vacinas. Por isso, o Consórcio Nordeste pede para que sejam adotadas medidas imediatas para a continuação dos testes da fase três", disse Dias.
Em nota, ele afirmou que "a vacina é um instrumento para salvar vidas e também para colocar o Brasil e a economia em condições de andar de forma firme e segura".
O Conselho Nacional de Secretário de Saúde (Conass) também se manifestou hoje e disse, em nota, que a "questão sanitária grave que enfrentamos não deve possuir lados antagônicos". Os secretários afirmam que veem com "apreensão" os episódios que levaram à suspensão dos testes e defenderam a apuração rápida do "evento adverso grave" relatado pela Anvisa.
"O Conass acredita que a investigação do possível evento adverso grave é necessária e demonstra a segurança e o rigor dos protocolos que resultarão numa vacina que nos livre da pandemia. Mas tão importante quanto ter segurança em relação à vacina, é indispensável celeridade da agência reguladora e das autoridades sanitárias para investigar o nexo causal do evento adverso com a vacina e, em caso de descarte, permitir a retomada dos testes", diz a nota.
Anvisa fala em 'evento adverso grave'
A Anvisa determinou, na noite de ontem, a suspensão do estudo clínico da vacina CoronaVac, após o registro de um "evento adverso grave". Em resposta, o Instituto Butantan afirmou que foi "surpreendido" e o governo de São Paulo disse que "lamenta ter sido informado pela imprensa e não diretamente pela Anvisa".
A decisão foi tomada após a morte de um voluntário de 32 anos que participava dos testes da vacina. Segundo o UOL apurou, o caso é tratado como suicídio por pessoas envolvidas com o estudo e foi registrado dessa forma no boletim de ocorrência da Polícia Civil. O laudo do IML (Instituto Médico Legal) ainda não foi concluído.
O governo de São Paulo sustenta que a morte não tem relação com os testes ou com a covid-19. E afirma que a interrupção dos testes pode causar medo e descrédito. A Anvisa afirmou que a decisão foi técnica.
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o governador João Doria (PSDB) já trocaram farpas por causa da CoronaVac. Hoje pela manhã, nas redes sociais, o presidente citou a suspensão dos testes da vacina ao conversar com um seguidor e afirmou que "ganhou" do governador de São Paulo. Até agora, Doria não respondeu diretamente o presidente.
Fase 3 dos testes
A CoronaVac é a vacina contra a covid-19 desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, ligado ao governo de São Paulo, e está na fase três de testes —a última para comprovar sua eficácia.
Nesta fase, os voluntários são divididos em dois grupos: um recebe a vacina e outro, placebo —uma substância sem efeito. Somente um comitê internacional sabe quem tomou ou não o imunizante. Os voluntários são monitorados por este grupo porque é preciso que 61 deles sejam infectados pelo novo coronavírus.
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