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Voluntário da CoronaVac morto tinha sedativos e álcool no sangue, diz laudo

Douglas Porto

Do UOL, em São Paulo

12/11/2020 18h08Atualizada em 12/11/2020 23h58

Laudos do IML (Instituto Médico Legal) e do IC (Instituto de Criminalística) apontam que o voluntário de 32 anos que participava das pesquisas da CoronaVac morreu por consequência de uma intoxicação por agentes químicos. Foi verificada a presença de opioides, sedativos e álcool no sangue da vítima, segundo apurou a reportagem do UOL.

O caso foi citado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) ao interromper as pesquisas da vacina contra a covid-19 desenvolvida pelo Instituto Butantan, em parceria com o laboratório chinês Sinovac, no começo desta semana.

Na ocasião, autoridades de Saúde do Governo de São Paulo afirmaram que a morte não tinha relação com os testes da CoronaVac ou com a covid-19. O UOL obteve informações de que o caso já era tratado como suicídio por pessoas envolvidas com o estudo e foi registrado desta forma no boletim de ocorrência da Polícia Civil.

Anvisa liberou retomada dos testes

A Anvisa autorizou ontem a retomada dos testes com a CoronaVac. Os estudos tinham sido suspensos, por determinação da agência, na noite de segunda-feira (9), por causa do registro de um "evento adverso grave".

O órgão deu explicações na terça-feira (10) sobre a morte do voluntário que fazia parte dos testes da candidata a imunizante. O diretor-presidente da agência reguladora, Antônio Barra Torres, disse que a decisão de interromper os testes foi técnica e motivada pelos dados "incompletos" e "insuficientes" enviados pelo Instituto Butantan sobre o caso. Mas o governo de São Paulo negou relação da morte com a vacina.

Em nota emitida ontem, a Anvisa disse que a suspensão está prevista em estudos deste tipo e atendeu protocolos previstos.

"Importante esclarecer que uma suspensão não significa necessariamente que o produto sob investigação não tenha qualidade, segurança ou eficácia. A suspensão e retomada de estudos clínicos são eventos comuns em pesquisa clínica e todos os estudos destinados a registro de medicamentos que estão autorizados no país são avaliados previamente pela Anvisa com o objetivo de preservar a segurança para os voluntários do estudo", explica.

Para Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan, a autorização para retomada dos testes foi uma "excelente notícia".

"Esperamos nesse momento andar com esse processo o mais rapidamente possível, pois sabemos que um dia com vacina faz diferença. Nós precisamos dessa vacina o quanto antes e por isso a nossa urgência na finalização desse estudo. Então, agradeço à nossa Anvisa pela compreensão e pela rapidez com que foi autorizada a retomada dos estudos clínicos", declarou Dimas, ontem.

Fase 3 dos testes

A CoronaVac está na fase 3 de testes, a última para comprovar sua eficácia. Nesta fase, os voluntários são divididos em dois grupos: um recebe a vacina e outro, placebo —uma substância sem efeito.

Somente um comitê internacional sabe quem tomou ou não a candidata a imunizante. Os voluntários são monitorados por este grupo porque é preciso que 61 deles sejam infectados pelo novo coronavírus.

CVV

Caso você esteja pensando em cometer suicídio, procure ajuda especializada como o CVV (Centro de Valorização da Vida) e os Caps (Centros de Atenção Psicossocial) da sua cidade. O CVV funciona pelo telefone 188, e também atende por e-mail, chat e pessoalmente.