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Gerente da Anvisa admite otimismo com vacina de Oxford, mas pede cautela

Colaboração para o UOL

23/11/2020 11h35Atualizada em 23/11/2020 16h40

Gustavo Mendes, gerente de medicamentos da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), admitiu que ficou otimista com as últimas notícias sobre vacinas contra covid-19. A farmacêutica AstraZeneca, em parceria com a universidade de Oxford, anunciou hoje que o imunizante pode chegar a 90% de eficácia. Porém, apesar do otimismo, Gustavo adotou um discurso de cautela e evitou estabelecer prazos para o início da vacinação.

"Realmente é uma semana de muito otimismo. A gente tem acompanhado os anúncios das empresas sobre eficácia. Mas ainda precisamos avaliar esses dados. As empresas têm deixado claro que os dados precisam de avaliação das agências reguladoras. A expectativa é ver as avaliações de outros países e esperar que as empresas submetam os dados para a Anvisa", declarou Mendes em entrevista à Globonews.

O gerente de medicamentos também lembrou que a Anvisa iniciou, na semana passada, um processo que agiliza o envio desses dados. Segundo ele, a AstraZeneca já enviou algumas informações por meio desse processo.

"A gente já se organizou. Aceitamos que empresas submetam dados parciais para levantarmos nossas considerações e dúvidas, para agilizar a análise do dossiê completo. Precisamos dos dados aqui porque a gente sabe que não dá para brincar com esse assunto", destacou Mendes, que também recebeu dados da SinoVac, empresa chinesa que desenvolve a vacina CoronaVac em parceria com o Instituto Butantan.

Ele reforçou que a Anvisa já viajou à China para analisar a fábrica que produz insumos da vacina de Oxford.

"Estamos com inspetores na China para verificar tanto a empresa da Coronavac quanto a empresa que fabrica insumo da vacina de Oxford. Vai começar a avaliação no dia 30. A gente precisa saber que essas fábricas têm condições técnicas para a produção da vacina", explicou.

A vacina de Oxford apresentou resultados melhores de eficácia (90%) quando aplicou uma dose e meia nos voluntários, em vez de duas doses. Mendes disse que isso também é uma boa notícia, pois permite mais imunização com menos gastos. E avaliou que não é algo surpreendente, pois já aconteceu com outras vacinas.

Apesar desse otimismo, por enquanto não há uma previsão de quando a Anvisa vai avaliar a vacina de Oxford.

"A gente busca não se comprometer com datas, porque datas serão fornecidas pelos patrocinadores. Quando a gente receber esses dados, vamos dizer os próximos passos e a expectativa de aprovação. Um exemplo é vacina da Pfizer, que submeteu um pedido de uso emergencial nos Estados Unidos. A FDA (agência de vigilância sanitária americana) botou prazo para 10 de dezembro. Só quando o documento recebido, com avaliação preliminar do tempo, é que a gente consegue estabelecer prazo para a população", concluiu o integrante da Anvisa.