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Israel detém funcionário da ONU em Gaza por ter ajudado supostamente o Hamas

09/08/2016 08h30

Jerusalém, 9 Ago 2016 (AFP) - As autoridades israelenses anunciaram nesta terça-feira a detenção e a acusação de um funcionário palestino do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) na Faixa de Gaza, acusado de ter participado de atividades terroristas do Hamas, que dirige esta zona palestina.

Wahid Borsh foi detido em 16 de julho e acusado nesta terça-feira, segundo as autoridades israelenses.

Esta é segunda detenção de um trabalhador humanitário na Faixa de Gaza anunciada por Israel em menos de uma semana.

Borsh, funcionário desde 2003 do PNUD e que trabalhou na derrubada de edifícios danificados nos diferentes conflitos na Faixa de Gaza, foi acusado de "ter se utilizado de seu posto para fornecer assistência material às atividades terroristas e militares do Hamas", indicou a segurança interior de Israel (Shin Beth) em um comunicado publicado pelo governo.

Com 38 anos e proveniente de Jabalia (norte da Faixa de Gaza), Borsh agiu seguindo as instruções de um funcionário de alto escalão do Hamas, segundo o Shin Beth, que afirmou que o acusado confessou ter trabalhado para o Hamas.

No ano passado participou da construção, com os recursos do PNUD, de um cais para as atividades navais do Hamas, afirmou o Shin Beth.

O serviço de inteligência disse que Borsh agia de forma que os responsáveis do PNUD dessem prioridade a projetos de reabilitação em zonas habitadas por integrantes do Hamas.

Quando armas ou túneis com fins militares eram descobertos em casas que seriam reformadas pelo PNUD, Borsh informava ao Hamas para que tomasse o controle do local, segundo o Shin Beth.

Na quinta-feira passada, Israel anunciou a detenção e a acusação do diretor em Gaza da ONG americana World Vision, Mohammed Halabi.

Segundo as autoridades israelenses, Halabi, um engenheiro palestino de 38 anos, foi recrutado pelo Hamas em 2004, para se infiltrar nessa ONG e subir em sua hierarquia.

Assim, desde 2010, teria desviado cerca de 7,2 milhões de dólares para financiar o Hamas e as suas atividades militares, de acordo com o Shin Bet.

Halabi foi preso em 15 de junho na passagem de Erez, entre Israel e a Faixa de Gaza, e foi indiciado por 12 acusações, incluindo por adesão a uma organização terrorista e cumplicidade com o inimigo.

Mais de dois terços dos 1,9 milhão de habitantes de Gaza dependem de ajuda para morar em um território controlado pelo Hamas e submetido ao bloqueio de Israel, que vivem em uma crise humanitária crônica.

Os dois casos "mostram como o Hamas utiliza os recursos das organizações de ajuda internacional em detrimento da população civil da Faixa de Gaza", disse o governo de Israel.