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Jovem brasileiro é acusado de homicídio dos quatro familiares na Espanha

Marcos Campos Nogueira e sua mulher Janaína Santos Américo foram encontrados mortos na Espanha, onde viviam - Reprodução
Marcos Campos Nogueira e sua mulher Janaína Santos Américo foram encontrados mortos na Espanha, onde viviam Imagem: Reprodução

Em Madri

21/10/2016 19h04

O jovem brasileiro suspeito do brutal assassinato de quatro parentes na Espanha foi acusado nesta sexta-feira (21) pelos homicídios dos dois adultos e das duas crianças, após confessar "parcialmente" a autoria dos crimes, informou um tribunal regional.

François Patrick Nogueira Gouveia, detido por suspeita de esquartejar em agosto seu tio, sua tia e matar os dois filhos pequenos do casal, terá de permanecer preso na Espanha, sem direito à fiança, determinou, após o seu depoimento, um juiz do tribunal de Instrução de Guadalajara, leste de Madri.

O jovem, de 19 anos, foi acusado dos homicídios de seu tio, Marcos Campos, sua tia, Janaína Santos Américo, e seus dois primos, de um e quatro anos, informou o Tribunal Superior de Justiça de Castilla-La Mancha, em um comunicado.

"Ele reconheceu parcialmente os fatos, admitindo a autoria das mortes, embora não sobre a forma como as executou", destacou o tribunal, após o depoimento de François Patrick, que durou cinco horas.

As circunstâncias deste crime macabro chocaram a Espanha.

Os quatro corpos foram encontrados em 18 de setembro em um chalé de Pioz, pequena localidade de menos de 4.000 habitantes, 60 km a leste de Madri, depois que um vizinho alertou para o mau cheiro que emanava do local.

Os restos mortais estavam em sacos plásticos, e os dois adultos, de 30 anos, tinham sido esquartejados. Os investigadores acreditam que o crime pode ter ocorrido um mês antes da descoberta dos cadáveres.

François Patrick devia voltar ao Brasil em 16 de novembro, mas no dia seguinte da descoberta, trocou a passagem rapidamente, retornando ao país em 20 de setembro.

No entanto, o jovem viajou na quarta-feira para a Espanha para se entregar voluntariamente, depois que a Guarda Civil espanhola informou ter "provas inquestionáveis" de seu envolvimento no crime.

Provas 'estarrecedoras'Antes de se apresentar perante o juiz, o rapaz depôs a investigadores da Guarda Civil, aos quais deu detalhes sobre os fatos com grande frieza, segundo a imprensa local.

O jornal El Español, que teve acesso ao sumário, destacou que o jovem apresentou um comportamento agressivo nos quatro meses que conviveu com os tios e primos na localidade de Torrejón de Ardoz, a leste de Madri.

Ainda segundo o jornal, "Patrick estava irritado com seu tio porque este recusou que fosse morar com eles no condomínio de Pioz", e isto se deu "por oposição de Janaína, devido ao assédio pessoal a que Patrick a submetia, somado aos repetitivos episódios psicóticos que ele sofria".

O ministro do Interior espanhol, Jorge Fernández, afirmou que as provas contra o rapaz, natural da Paraíba (nordeste do Brasil) são "estarrecedoras".

Entre elas, o ministro mencionou "dados de DNA que apareceram no domicílio de Pioz, de uma gota de suor a impressões digitais na fita usada para fechar os sacos que continuam os restos do casal e dos filhos".

Além disso, a geolocalização do celular do rapaz o situa na casa de Pioz no dia em que se acredita que os crimes foram cometidos: 17 de agosto.

Com perfil marcado pelo "egoísmo", "narcisismo" e "falta de apego à vida humana", segundo os investigadores, François Patrick tem um passado violento, tendo agredido um professor no Brasil.