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ONU: tratamento do Talibã às mulheres representará 'linha vermelha'

Em Genebra

24/08/2021 07h00Atualizada em 25/08/2021 11h19

A forma como o Talibã pretende tratar as mulheres e as meninas representará uma "linha vermelha", advertiu hoje a Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet.

"Uma linha vermelha fundamental será a forma como o Talibã trata as mulheres e as meninas e respeita seus direitos à liberdade de movimento, à educação, expressão pessoal e ao emprego, de acordo com as normas internacionais em termos de direitos humanos", afirmou Bachelet na abertura de uma reunião dedicada à situação no Afeganistão.

No Conselho de Direitos Humanos da ONU, a ex-presidente chilena considerou que "garantir o acesso a uma educação do Ensino Médio de qualidade para as meninas será um indicador essencial do compromisso com os direitos humanos".

A Alta Comissária fez um apelo para que os fundamentalistas respeitem as promessas sobre o respeito aos direitos das mulheres e das meninas, assim como das minorias étnicas e religiosas, e que não executem adotem represálias.

"Peço encarecidamente ao Talibã que adote normas de governança responsáveis e de direitos humanos, que trabalhe para restabelecer a coesão social e a reconciliação, entre outras coisas por meio do respeito dos direitos de todos os que sofreram durante as décadas de conflito", disse Bachelet.

Desde seu retorno ao poder em 15 de agosto, os talibãs tentam convencer a população de que mudaram e que o novo regime será menos brutal que o precedente, que governou o país entre 1996 e 2001.

Os islamitas radicais afirmaram que respeitariam os direitos das mulheres "de acordo com os princípios do islã", que seriam autorizadas a estudar e trabalhar. Também prometeram que os meios de comunicação terão liberdade e que não existirão represálias.

As palavras não impedem o desejo de milhares de pessoas de fugir do país. Milhares já deixaram o Afeganistão e muitas aguardam no aeroporto de Cabul pelas operações de retirada organizadas pelos países ocidentais, antes da saída completa dos Estados Unidos, prevista para 31 de agosto.