Em CPI, Bumlai deve ser questionado sobre relação com Lula
Na última sexta-feira, 27, a defesa do pecuarista pediu ao juiz Sérgio Moro dispensa do depoimento à CPI. Seus advogados alegavam que, como iria usar o direito constitucional de permanecer calado, a ida dele para Brasília apenas traria gastos aos cofres públicos, sem contribuir para os trabalhos do colegiado. A defesa teme que, mesmo calado, o empresário seja execrado pelos membros do colegiado. O magistrado, contudo, afirmou que somente o presidente da CPI, deputado Marcos Rotta (PMDB-AM), poderia dispensá-lo. O peemedebista, contudo, negou o pedido de dispensa e manteve o depoimento para hoje.
A defesa, então, recorreu ao Supremo e, ontem, o ministro Marco Aurélio de Melo concedeu liminar garantindo a Bumlai o direito de permanecer calado durante o depoimento à CPI. A liminar também assegura ao pecuarista o direito de não assinar termo de compromisso de dizer a verdade, além de ser assistido por advogado durante a sessão. Para o comando do colegiado, o habeas corpus "pôs por terra" a estratégia de pressionar o empresário a falar.
Em depoimento à força-tarefa da Operação Lava Jato, Bumlai afirmou ontem que não se recorda de ter recebido do operador de propinas do PMDB Fernando Baiano pedido para que ele intercedesse junto ao então presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva "para a manutenção de Nestor Cerveró" na diretoria de Internacional da Petrobras. O pecuarista disse que "nunca" discutiu "aspectos da Operação Lava Jato" com o ex-presidente. O empresário ainda minimizou a relação de amizade com o petista, atribuindo à imprensa a alcunha que recebeu de "amigo do Lula".
Acusações
Bumlai foi preso, preventivamente, na terça-feira, 24, na 21ª fase da Operação Lava Jato. O pecuarista foi detido num hotel em Brasília, horas antes da oitiva que prestaria à CPI do BNDES. Na ocasião, Moro pediu desculpas ao presidente da CPI do BNDES na Câmara pela coincidência e pôs o empresário à disposição da comissão. Ele é investigado, entre outras coisas, por ter contraído empréstimo de R$ 12 milhões com o Banco Schahin para pagar dívida de campanha de Lula e do PT. Também é investigado por ter contraído empréstimos de mais de R$ 500 milhões com o BNDES que não foram pagos.
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