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Papa defende Wojtyla e diz que amizade com mulher é possível

Em montagem, o papa João Paulo 2º e a filósofa polonesa Anna Teresa Tymieniecka - Reprodução
Em montagem, o papa João Paulo 2º e a filósofa polonesa Anna Teresa Tymieniecka Imagem: Reprodução

18/02/2016 15h41

O papa Francisco disse a jornalistas nesta quinta-feira (18), no avião que o trouxe do México, que sabia da relação entre João Paulo 2º e a filósofa Anna-Teresa Tymieniecka, que chamou atenção da mídia internacional nos últimos dias, e que a amizade entre homens e mulheres não é um pecado.

"A amizade com uma mulher não é um pecado, é uma amizade. Uma relação amorosa com uma mulher que não seja sua mulher sim é um pecado", disse, acrescentando que Karol Wojtyla "era um homem que queria pensar como as mulheres".

"O papa tem um coração que pode ter uma amizade saudável e santa com uma mulher", concluiu.

Centenas de cartas enviadas pelo papa João Paulo 2º para a filósofa norte-americana de origem polonesa foram reveladas em um documentário da emissora britânica "BBC" nesta semana.

Os documentos mostram uma amizade "intensa", mas não apontam evidências de que o religioso tenha rompido o voto de celibato feito ao se tornar padre. Francisco acrescentou que um homem que não sabe ter uma boa amizade com uma mulher é alguém a quem falta algo. "E eu, por experiência, quando peço conselhos a colegas ou amigos, sempre gosto de receber a opinião de uma mulher".

As mulheres "te dão tanta riqueza, olham para as coisas de uma maneira diferente. Eu gosto de lembrar que a mulher é aquela que constrói a vida no útero".

"Eu sabia dessa amizade entre João Paulo e esta filósofa quando estava em Buenos Aires [atuando como bispo], outra coisa que também sabíamos é que eles se conheciam".

Apesar do conteúdo só ter sido revelado agora, a troca de mensagens já era conhecida do Vaticano --e não são as primeiras do Pontífice com mulheres. Ainda segundo Francisco, as mulheres são até hoje ainda pouco levadas em consideração. "Ainda não entendemos o bem que a mulher faz para a vida do sacerdote e da Igreja, no sentido do conselho, da ajuda e da amizade saudável".

As correspondências iniciaram-se em 1973, quando Wojtyla ainda era o arcebispo de Cracóvia. A primeira carta enviada pela norte-americana tinha como objetivo o debate sobre um livro publicado pelo religioso. Desde então, uma série de documentos foram trocados entre os dois e vários encontros para debates filosóficos foram realizados. Os primeiros escritos apontam uma comunicação "mais formal", que foram ficando mais "íntimos" ao longo do tempo, segundo a emissora britânica.