Topo

'Bares de Nutella' entram na mira das autoridades iranianas

Atta Kenare/AFP
Imagem: Atta Kenare/AFP

Em Roma

19/08/2016 18h42

Os bares de Nutella, quiosques e lojas que vendem produtos com a tradicional pasta de avelãs italiana ou imitações, estão na mira das autoridades do Irã.   

O presidente da Academia da Língua e Literatura Persa - o equivalente à Academia Brasileira de Letras -, Gholam-Ali Haddad-Adel, escreveu ao comandante da polícia lembrando que a legislação local proíbe termos estrangeiros em comércios.   

E ele foi ainda mais longe: sugeriu no lugar do termo "Nutella Bar" a adoção dos nomes "Pão Quente" ou "Chocolate Quente", em farsi, ou qualquer outro que os proprietários achem "mais adequado". Haddad-Adel também é um conhecido político ultraconservador que já foi presidente do Parlamento.   

Além disso, em 2013, perdeu as eleições presidenciais para o moderado Hassan Rohani. No papel de presidente da Academia da Língua Persa, instou as forças de ordem a respeitaram uma lei de 20 anos que obriga comerciantes a escolherem palavras na língua local para batizar seus negócios.   

Contudo, apesar disso, nas ruas de Teerã e de outras cidades não é difícil enxergar letreiros com caracteres latinos e nomes estrangeiros, principalmente de grandes marcas, como Apple, Armani e Ikea - geralmente utilizados sem autorização oficial.   

Assim como os bares de Nutella, que não têm ligação com a marca italiana de creme de avelãs, mas se espalharam pela capital iraniana no último ano, ainda que muitas vezes usem uma imitação importada da Turquia.   

"Infelizmente, esses bares de Nutella se difundiram por toda Teerã", declarou Haddad-Adel. Os persas sempre temeram a contaminação de sua língua por outros idiomas, como os falados na Europa ou o árabe. Uma das funções da Academia da Língua e Literatura é justamente proteger o farsi da influência estrangeira.