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Argentina vê milhares de desabrigados por temporal que deixou 57 mortos

04/04/2013 22h45

As autoridades da Argentina e ONGs estão trabalhando no apoio aos milhares de afetados pelo temporal de terça-feira, que deixou 57 mortos, após a confirmação de que já não há pessoas desaparecidas.

Do total de vítimas, todas já identificadas, 51 são de La Plata e seis de Buenos Aires, cidades separadas por cerca de 60 km.

O ministro de Segurança da província de Buenos Aires, Ricardo Casal, confirmou em entrevista coletiva o número de mortos em La Plata após a busca em 5.940 domicílios com a colaboração das forças federais.

Casal informou, além disso, que das 110 pessoas denunciadas como desaparecidas, "106 foram encontradas com vida e outras quatro estavam mortas", que já faziam parte das primeiras listas.

Explicou também que "na lista do total de mortos, as idades variam entre um máximo de 96 anos e um mínimo de 20".

Dois dias depois da catástrofe, voluntários da Cruz Vermelha distribuíram água potável, roupas, sapatos, fraldas e alimentos no bairro de Tolosa em La Plata, o mais afetado pelas inundações.

Milhares de doações, recebidas pela ONG Rede Solidária, chegaram ao local e em outras áreas castigadas da cidade, como La Loma.

"Necessito de água, há dois dias estou sem água, nos entregaram um recipiente com dez litros, mas não é suficiente para nada", disse um morador de Tolosa, que exigiu também que seja restabelecida a distribuição de energia elétrica.

A água, que chegou a superar 1,70m em alguns locais, já baixou neste bairro, onde nasceu a presidente argentina, Cristina Kirchner, mas o panorama é ainda desolador e os pertences salvos pelos moradores se acumulam nas ruas, entre árvores e postes de luz caídos.

As autoridades argentinas também distribuíram colchões e cobertores nos abrigos, nos quais permanecem cerca de mil pessoas.

Além disso, foram habilitados quatro hospitais móveis para facilitar a assistência médica e distribuir remédios, já que muitos centros de saúde da cidade foram severamente afetados pela inundação.

"La Plata se transformou em uma cidade de pós-guerra", disse o prefeito, Pablo Bruera, que colocou como prioridade "trabalhar para que as pessoas possam retornar para suas casas e dar assistência às vítimas".

Bruera foi vaiado nesta quinta-feira por vários moradores depois que qualificou como "um erro" de sua equipe de comunicação o tweet no qual assegurava que estava distribuindo ajuda humanitária, quando na realidade ainda se encontrava de férias no Brasil.

O ministro do Planejamento Federal, Julio de Vido, afirmou nesta quinta-feira que a filial da Telefónica na Argentina "vai sofrer uma forte multa" por não ter previsto medidas para garantir o serviço de telefonia fixa e móvel em La Plata e arredores após o temporal e ter permitido que seus assinantes ficassem sem serviço durante 15 horas.

"Advertimos às empresas de serviço telefônico que sob nenhum aspecto o serviço deveria ser interrompido porque deveriam ter todos os 'back ups' elétricos e geradores para manter o serviço tanto de telefonia celular como fixo", afirmou De Vido à televisão local.

O serviço telefônico funcionava hoje com normalidade e o fornecimento de água foi restabelecido na maioria das residências.