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Alemanha e França vão mediar novo diálogo entre Rússia e Ucrânia sobre crise

Soldado ucraniana segura retrato enquanto outros oficiais carregam o corpo de Serhiy Nikonenko, que foi morto em combate contra os rebeldes pró-Rússia - Sergei Chuzavkov/AP
Soldado ucraniana segura retrato enquanto outros oficiais carregam o corpo de Serhiy Nikonenko, que foi morto em combate contra os rebeldes pró-Rússia Imagem: Sergei Chuzavkov/AP

Em Berlim

20/01/2015 14h41

Os ministros das Relações Exteriores da Ucrânia, Rússia, Alemanha e França realizarão uma reunião na quarta-feira (21) para tentar solucionar a crise no leste do território ucraniano.

O anúncio foi feito nesta terça-feira (20) pelo chefe da diplomacia alemã, Frank-Walter Steinmeier, que afirmou em comunicado que esse foi o segundo convite feito em oito dias aos representantes dos outros três países.

O encontro, segundo ele, também atende a pedidos de mediação do ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, e do ucraniano Pavlo Klimkin. Participa também o francês Laurent Fabius.

"Trata-se, sobretudo, de evitar uma reativação do conflito militar e uma nova escalada política entre Kiev e Moscou", explicou Steinmeier no comunicado.

Os quatro ministros já iniciaram as negociações nos últimos dias para tentar encontrar "um compromisso político em um contexto cada vez mais difícil". Steinmeier alertou para o risco de a situação no leste da Ucrânia piorar caso não haja acordo.

Pouco antes do comunicado, Steinmeier lamentou, em entrevista coletiva ao lado do ministro das Relações Exteriores do México, José Antonio Meade, a falta de diálogo entre Kiev e Moscou para solucionar a crise da Ucrânia.

"Se não pararmos a escalada da violência, pode ter início um processo que nos levará onde estávamos antes", advertiu em referência aos meses de agosto e setembro de 2014, quando a intensificação dos combates deixou um grande número de mortos no leste ucraniano.

A Alemanha, reiterou o ministro, considera fundamental que Ucrânia e Rússia voltem a se reunir sob o formato estabelecido no Memorando de Minsk, algo que, apesar da pressão internacional, não foi possível nas últimas semanas.

Sobre isso, Steinmeier afirmou que podem ser necessários "melhores requisitos prévios" para que as reuniões sejam realizadas.

No último dia 12 de janeiro, um encontro prévio dos ministros das Relações Exteriores da Rússia, Ucrânia, Alemanha e França não conseguiu resultado satisfatório. Ainda enterrou a possibilidade de os líderes dos quatro países se reunirem em Astana três dias depois, em uma cúpula que deveria representar "avanços concretos".

Sete civis morreram e outros trinta ficaram feridos nas últimas 24 horas em bombardeios ocorridos em Donetsk, principal região de conflito entre os separatistas e as tropas ucranianas no leste do país.

Segundo o comandante-adjunto do Estado-Maior das milícias separatistas de Donetsk, Eduard Basurin, o Exército de Kiev tem lançado fortes ataques de artilharia contra bairros residenciais de Donetsk, que tinha quase 1 milhão de habitantes antes do conflito em abril do ano passado.

O aeroporto da cidade também tem sido palco de enfrentamentos. Dezenas de pessoas morreram nos últimos dias no local, entre eles soldados ucranianos, separatistas e civis.