Topo

Mujica assume cadeira no Senado dois dias após deixar a presidência

Hugo Ortuno/EFE
Imagem: Hugo Ortuno/EFE

Em Montevidéu

03/03/2015 12h07

Dois dias após entregar a faixa presidencial do Uruguai a Tabaré Vázquez e rodeado de grande expectativa, José Mujica assumiu nesta terça-feira (3) sua cadeira como primeiro senador do Movimento de Participação Popular (MPP), setor integrado ao governista Frente Ampla (FA), majoritária na câmara alta.

Apesar das câmaras terem sido constituídas em 15 de fevereiro, Mujica não pôde ocupar seu assento porque seguia no cargo de presidente do país.

Em torno das 9h15 local (mesmo horário de Brasília), Mujica chegou ao Palácio Legislativo acompanhado de sua esposa, a também senadora Lucía Topolansky, sem fazer declarações aos jornalistas que o esperavam na porta.

"É uma emoção muito grande. Mujica fez um grande governo. Tenho uma relação muito especial com Pepe e vou seguir tendo seguramente aqui", expressou o presidente do Senado e vice-presidente do Uruguai, Raúl Sendic, minutos antes de começar a sessão.

Assim, às 10h local, com todos os senadores e convidados na câmara alta de pé, Mujica, que já foi senador entre 2000 e 2005, juro seu cargo a Sendric.

"Nunca imaginei estar nesta situação. Eu tomando o 'juramento' de senador de Pepe Mujica", reconheceu Sendic aos meios de comunicação.

Outros parlamentares assumiram hoje como senadores, entre eles o até no domingo ministro das Relações Exteriores, Luis Almagro.

Seis das 30 cadeiras do novo Senado -31 contando com a do presidente da câmara- estão em mãos do MPP, fundado em 1989 por ex-guerrilheiros do movimento tupamaro, entre eles Mujica e Topolansky, e integrado na coalizão governante Frente Ampla.

Assim, nas eleições de 26 de outubro, Mujica foi o candidato a senador mais votado.

Por este motivo, há dúvidas na hora de interpretar certos pontos da legislação da câmara Alta, que estabelece que se o presidente e o vice-presidente da República se ausentarem do país, o senador mais votado assumirá o cargo de forma interina.

Uma função que ficaria em mãos de Mujica, mas que se choca com o artigo constitucional que proíbe a reeleição presidencial imediata.

Porém, fontes do MPP asseguraram que essa situação poderia ser solucionada facilmente outorgando a responsabilidade temporária da presidência a Topolansky, número dois no Senado.

Deste modo, a mulher de Mujica, de 70 anos e segunda senadora do mesmo setor que o ex-mandatário, assumiria pontualmente a presidência, como já fez durante a passada legislatura quando o presidente e o vice-presidente, Danilo Astori, se ausentaram do país sul-americano.