Após 15 anos da invasão, Afeganistão registra aumento da violência
Baber Khan Sahel.
Cabul, 14 dez (EFE).- O Afeganistão completou 15 anos da invasão dos Estados Unidos que tirou os talibãs do poder com seu ano mais violento desde então e o avanço dos insurgentes a várias capitais de província, tudo isso apesar da morte do mulá Mansour, que os liderava.
O ano de 2016 foi marcado pelo período de maior violência no Afeganistão nos últimos tempos, com os talibãs avançando e reduzindo o controle do governo a 63,4% do território nacional, segundo fontes americanas, e se estabelecendo em cinco das 34 capitais do país.
Ainda sem os dados finais do ano, só nos primeiros seis meses os combates em 24 províncias deixaram 1.601 civis mortos e 3.565 feridos, o número mais alto já registrado desde que a ONU começou a contabilizar as vítimas do conflito em 2009.
Se os números foram preocupantes, a violência dos atentados esteve no mesmo nível. Em julho, um atentado suicida contra uma manifestação da minoria xiita hazara reivindicado pelo Estado Islâmico (EI) deixou 85 mortos e 400 feridos, o pior ataque deste tipo registrado desde 2001.
O impacto do conflito entre os civis foi evidenciado em outro recorde, o de 515 mil deslocados desde janeiro até o início de dezembro, um número sem precedentes ao qual é preciso somar o retorno de mais de meio milhão de refugiados procedentes do Paquistão pela decisão de Islamabad de pôr ponto final à permanência deles no país.
Se o governo e as Forças Armadas do Afeganistão, que sofreram 5.523 baixas e 9.665 feridos até agosto, não tinham muito a comemorar, os talibãs também viveram um momento complicado em maio com a morte do mulá Mansour.
Um drone americano matou o homem que liderou formalmente os talibãs desde julho - quando foi reconhecida a morte do mulá Omar, fundador do grupo - e que na prática comandava os insurgentes há anos.
A morte de Mansour no Paquistão gerou um vazio que foi ocupado pelo mulá Haibatullah, mas a estratégia do grupo não mudou, o avanço militar continuou e a recusa a manter conversas de paz enquanto as tropas internacionais não abandonarem o país não variou.
O governo de Ashraf Ghani fez quase de tudo para que as conversas de paz de Afeganistão, China, Estados Unidos e Paquistão com os talibãs pudessem ocorrer, mas só conseguiu um controverso acordo com o segundo maior grupo insurgente do país, o Hezbi Islami (HIA, Partido Islâmico).
Em meio às tensões com os talibãs, Ghani elevou o desafio e solicitou na ONU que fossem incluídos mais líderes talibãs na lista de terroristas da entidade.
O cenário ficou ainda mais complexo com a consolidação da presença e repercussão do Estado Islâmico, o que fez com que países como Irã, Rússia e China, muito preocupados com o avanço do grupo jihadista, revisassem a estratégia em relação aos talibãs por considerá-los um muro de contenção contra o EI.
Além das más notícias no plano internacional, as reuniões em Varsóvia e Bruxelas deixaram promessas de doações da comunidade internacional no valor de mais de 15 bilhões de euros para os próximos anos, muito mais que o esperado pelo próprio governo.
Esses recursos devem apoiar o financiamento que o governo necessitará para o desenvolvimento do país e o fortalecimento das Forças Armadas, que seguem assumindo o controle das tarefas que a Otan deixou de exercer em 1º de janeiro de 2015, ao término de sua missão de combate no país.
A Otan continua no Afeganistão com cerca de 13 mil soldados em tarefas de assessoria e capacitação, enquanto que os Estados Unidos mantiveram 9,8 mil efetivos no país, aproximadamente de sete mil deles inseridos em operações de assistência às forças afegãs e o resto em tarefas antiterroristas.
O presidente Barack Obama revisou neste ano o plano de retirada do país e optou por deixar no final do curso 8,4 mil soldados para 2017.
No entanto, a vitória de Donald Trump nas eleições americanas introduziu um novo fator de incerteza ao papel que Washington pode desempenhar no Afeganistão, onde o sentimento generalizado é que uma saída do restante de contingente internacional significaria um colapso local.
Cabul, 14 dez (EFE).- O Afeganistão completou 15 anos da invasão dos Estados Unidos que tirou os talibãs do poder com seu ano mais violento desde então e o avanço dos insurgentes a várias capitais de província, tudo isso apesar da morte do mulá Mansour, que os liderava.
O ano de 2016 foi marcado pelo período de maior violência no Afeganistão nos últimos tempos, com os talibãs avançando e reduzindo o controle do governo a 63,4% do território nacional, segundo fontes americanas, e se estabelecendo em cinco das 34 capitais do país.
Ainda sem os dados finais do ano, só nos primeiros seis meses os combates em 24 províncias deixaram 1.601 civis mortos e 3.565 feridos, o número mais alto já registrado desde que a ONU começou a contabilizar as vítimas do conflito em 2009.
Se os números foram preocupantes, a violência dos atentados esteve no mesmo nível. Em julho, um atentado suicida contra uma manifestação da minoria xiita hazara reivindicado pelo Estado Islâmico (EI) deixou 85 mortos e 400 feridos, o pior ataque deste tipo registrado desde 2001.
O impacto do conflito entre os civis foi evidenciado em outro recorde, o de 515 mil deslocados desde janeiro até o início de dezembro, um número sem precedentes ao qual é preciso somar o retorno de mais de meio milhão de refugiados procedentes do Paquistão pela decisão de Islamabad de pôr ponto final à permanência deles no país.
Se o governo e as Forças Armadas do Afeganistão, que sofreram 5.523 baixas e 9.665 feridos até agosto, não tinham muito a comemorar, os talibãs também viveram um momento complicado em maio com a morte do mulá Mansour.
Um drone americano matou o homem que liderou formalmente os talibãs desde julho - quando foi reconhecida a morte do mulá Omar, fundador do grupo - e que na prática comandava os insurgentes há anos.
A morte de Mansour no Paquistão gerou um vazio que foi ocupado pelo mulá Haibatullah, mas a estratégia do grupo não mudou, o avanço militar continuou e a recusa a manter conversas de paz enquanto as tropas internacionais não abandonarem o país não variou.
O governo de Ashraf Ghani fez quase de tudo para que as conversas de paz de Afeganistão, China, Estados Unidos e Paquistão com os talibãs pudessem ocorrer, mas só conseguiu um controverso acordo com o segundo maior grupo insurgente do país, o Hezbi Islami (HIA, Partido Islâmico).
Em meio às tensões com os talibãs, Ghani elevou o desafio e solicitou na ONU que fossem incluídos mais líderes talibãs na lista de terroristas da entidade.
O cenário ficou ainda mais complexo com a consolidação da presença e repercussão do Estado Islâmico, o que fez com que países como Irã, Rússia e China, muito preocupados com o avanço do grupo jihadista, revisassem a estratégia em relação aos talibãs por considerá-los um muro de contenção contra o EI.
Além das más notícias no plano internacional, as reuniões em Varsóvia e Bruxelas deixaram promessas de doações da comunidade internacional no valor de mais de 15 bilhões de euros para os próximos anos, muito mais que o esperado pelo próprio governo.
Esses recursos devem apoiar o financiamento que o governo necessitará para o desenvolvimento do país e o fortalecimento das Forças Armadas, que seguem assumindo o controle das tarefas que a Otan deixou de exercer em 1º de janeiro de 2015, ao término de sua missão de combate no país.
A Otan continua no Afeganistão com cerca de 13 mil soldados em tarefas de assessoria e capacitação, enquanto que os Estados Unidos mantiveram 9,8 mil efetivos no país, aproximadamente de sete mil deles inseridos em operações de assistência às forças afegãs e o resto em tarefas antiterroristas.
O presidente Barack Obama revisou neste ano o plano de retirada do país e optou por deixar no final do curso 8,4 mil soldados para 2017.
No entanto, a vitória de Donald Trump nas eleições americanas introduziu um novo fator de incerteza ao papel que Washington pode desempenhar no Afeganistão, onde o sentimento generalizado é que uma saída do restante de contingente internacional significaria um colapso local.
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