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Faltam emendas parlamentares para quem mais precisa

Em 2024, a liberação de emendas parlamentares ao orçamento da União foi acelerada no primeiro semestre, em razão das eleições municipais. Foram empenhados R$ 36 bilhões. Isto é, o dinheiro foi reservado para ser gasto, o que é uma espécie de garantia de que as obras e serviços serão pagos. É mais do que o dobro do mesmo período do ano passado.

O grosso desses recursos vem do Fundo Nacional de Saúde: R$ 22 bilhões. Mas o dinheiro é distribuído de forma desigual. Enquanto algumas cidades ganham muito, outras levam nada. São os casos de Vassouras, no Rio de Janeiro, e Ipojuca, em Pernambuco.

Vassouras tem pouco mais de 30 mil habitantes e é a cidade brasileira que mais recebeu emendas da saúde em proporção à população. Ipojuca, ao contrário, não recebeu nada, embora tenha quase 100 mil habitantes.

Em Vassouras, foram R$ 49 milhões de reais em emendas empenhadas até agora, o que dá mais de R$ 1.450 por pessoa. É a maior verba per capita do Brasil.

A cidade teve um grande padrinho, o senador Romário, do PL.

De tudo que Romário enviou de emendas para a saúde neste ano, mais de 60% foram para o município de Vassouras, cerca de R$ 21 milhões.

Romário foi o senador mais votado na cidade. Mas Vassouras nem de longe foi decisiva para elegê-lo: ele recebeu lá 8 mil dos cerca de 2 milhões de votos que ele teve em 2022.

Em nota, a Prefeitura de Vassouras informou que "as emendas parlamentares de autoria do senador Romário, como as de outros parlamentares, direcionadas à nossa cidade são assertivas, necessárias e contribuirão sobremaneira para o atendimento da população carente dos onze municípios que procuram a sua referência regional para tratarem sua saúde".

Ipojuca não deu a mesma sorte. Faltou padrinho, e o município ficou sem nenhum tostão de emendas parlamentares para saúde. E a população de Ipojuca vive uma situação de maior vulnerabilidade social do que a de Vassouras.

Na cidade pernambucana, o Índice de Desenvolvimento Humano municipal (IDH-M) é 0,619 numa escala de 0 a 1, considerado médio. Em Vassouras, o IDH-M é alto: 0,714.

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Em Ipojuca, a taxa de homicídios é mais que o dobro da nacional, 55 mortos por 100 mil habitantes. Em Vassouras, fica bem abaixo da média: 9 por 100 mil.

Os indicadores mostram que as cidades que mais recebem emendas parlamentares não necessariamente são as que mais precisam.

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