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Filiados a partidos, militares violam Constituição

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Dois mil militares da ativa violam Constituição e se filiam a partidos

São 1.250 militares da ativa que ainda estão vinculados a um partido, inclusive oficiais de alta patente
São 1.250 militares da ativa que ainda estão vinculados a um partido, inclusive oficiais de alta patente Imagem: Cb Estevam/CComSEx

Ao menos 2.000 militares da ativa estiveram filiados a partidos políticos nos últimos anos, em violação ao artigo favorito das Forças Armadas na Constituição brasileira. O artigo 142, no inciso 5º parágrafo 3º, é muito claro: "o militar, enquanto em serviço ativo, não pode estar filiado a partidos políticos".

Mesmo assim, entre a eleição de Jair Bolsonaro e os dois primeiros anos de seu governo - ou seja, entre 2018 e 2020 -, mais de 600 militares da ativa se filiaram a partidos e engordaram o contingente partidário das três Forças: 63% no Exército, 20% na Marinha e 17% na Aeronáutica.

Os batalhões de filiados deram preferência ao PSL, então partido de Jair Bolsonaro. Em 2021, o PSL se fundiu ao DEM. A sigla resultante, o União Brasil, chegou a ter um de cada quatro militares filiados. O PT, segundo colocado, tinha um em cada 10.

Leia o texto completo aqui.

Tarcísio fatura com operação na Cracolândia em tema sensível para Lula

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, ao lado do presidente Lula
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, ao lado do presidente Lula Imagem: Reprodução/X

A operação policial feita nesta semana para desbaratar um ecossistema criminoso na Cracolândia, em São Paulo, foi também uma jogada política do governador Tarcísio de Freitas.

Ao prender uma suplente de vereadora do PT por suspeita de tráfico de drogas, a operação colou o partido ao PCC (Primeiro Comando da Capital), facção no controle da área.

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Janaína da Conceição Cerqueira Xavier é líder comunitária na região e recebeu apenas 238 votos em 2020. Segundo o PT, ela não participou de atividades partidárias desde a eleição passada. Mas até provar que focinho de porco não é tomada, a associação entre PT e PCC estará feita.

A operação, chamada de Salus et Dignitas, ainda jogou pressão sobre o PSDB de José Luiz Datena. O partido passou décadas no comando da segurança pública do Estado de São Paulo e não conseguiu resolver o problema da Cracolândia, com várias operações policiais mal-sucedidas.

A jogada dá ainda mais visibilidade a Tarcísio numa área que em que o governo federal é vulnerável: segurança e combate ao crime organizado.

No dia seguinte à operação político-policial de Tarcísio, Lula se reuniu com ministros, governadores e ex-governadores para discutir a PEC do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski. A PEC prevê a "federalização" de investigações sobre o crime organizado e busca dar ao governo federal o poder de transformar suas normas para a segurança pública de recomendações em obrigações para os estados.

Será um ponto de atrito entre Lula e Tarcísio e outros governadores, que vão se opor à perda de autonomia em questões de segurança.

Se Tarcísio se animar a enfrentar Lula ou seu sucessor já em 2026, um dos nomes mais cotados para ser seu candidato ao governo de São Paulo é justamente o secretário da Segurança, Guilherme Derrite.

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Ou seja, a operação Salus et Digitas foi mais um tijolinho na construção e desconstrução de candidaturas tanto nas eleições de 2024 quanto em 2026.

A hora e a vez de Rebeca: 3 mulheres e muita altivez na história do ouro

Rebeca Andrade beija a medalha de ouro conquistada na final do solo nas Olimpíadas de Paris-2024
Rebeca Andrade beija a medalha de ouro conquistada na final do solo nas Olimpíadas de Paris-2024 Imagem: GABRIEL BOUYS/AFP

O ouro que a ginasta Rebeca Andrade ganhou nas Olimpíadas de Paris coroou uma história de superação, sim, mas sobretudo de altivez.

Tudo começou na passagem de 2004 para 2005. Rebeca tinha cinco anos, morava num casebre de um cômodo só com seis irmãos e a mãe, grávida do oitavo filho.

Sua tia Cida trabalhava como auxiliar de cozinha no ginásio municipal Bonifácio Cardoso, da prefeitura de Guarulhos. Certo dia, Cida entrou na sala dos professores e chamou a treinadora Mônica dos Anjos. Disse que tinha levado a sobrinha e perguntou se ela podia avaliá-la.

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"Quando vi aquelas perninhas fortes, os bracinhos, fiquei encantada", contou Mônica dos Anjos ao podcast A Hora, do UOL.

Além da musculatura, Rebeca tinha potência na corrida e talento na dança. Mônica aceitou a menina, e a partir daí o esforço de pessoas determinantes levaram Rebeca ao pódio.

Sua mãe, Rosa, mudou a filha de turno na escola para poder treinar. Seu irmão Emerson passou a levá-la todo dia ao ginásio, mesmo que precisassem caminhar uma hora a pé, sem dinheiro para a condução.

"Espoleta", como diz Mônica, brincalhona e talentosa, Rebeca foi subindo degrau após degrau nos treinamentos, mas não perdeu a leveza. Nas Olimpíadas revelou ao mundo seu talento e também sua personalidade.

Canta música gospel de um cantor evangélico que se declarou gay. É admirada e admira a atriz americana Viola Davis, ícone da consciência antirracista. E diz se orgulhar de ser uma mulher preta no Brasil.

A campeã Simone Biles reverenciou Rebeca ao ser superada por ela, e a cena se tornou um símbolo dos Jogos. Trapalhadas como a do Ministério das Comunicações do Brasil, que trocou a imagem de Rebeca pela de um computador na foto icônica falam muito do Brasil. E deixam Rebeca ainda maior.

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Podcast A Hora, com José Roberto de Toledo e Thais Bilenky

A Hora é o novo podcast de notícias do UOL com os jornalistas Thais Bilenky e José Roberto de Toledo. O programa vai ao ar todas as sextas-feiras pela manhã nas plataformas de podcast e, à tarde, no YouTube.

Escute a íntegra nos principais players de podcast, como o Spotify e o Apple Podcasts já na sexta-feira pela manhã. À tarde, a íntegra do programa também estará disponível no formato videocast no YouTube. O conteúdo dará origem também a uma newsletter, enviada aos sábados de manhã.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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